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quarta-feira, 7 de abril de 2010

SOBRE O INÍCIO DO TRATAMENTO (NOVAS RECOMENDAÇÕES SOBRE A TÉCNICA DA PSICANÁLISE) 1913


Adriane Maranho

            Ao ler o texto em questão nos deparamos com a técnica utilizada pela psicanálise para a realização da Associação Livre, que tem como objetivo propiciar ao paciente a possibilidade de expressar seus sentimentos, falar simplesmente sobre o cotidiano, enfim, sobre as coisas que lhe forem importantes e/ou surgirem espontaneamente.
            O texto mostra aspectos como a seleção de pacientes, bem como a importância de deixá-lo falar praticamente o tempo todo sem explicar além do necessário para que prossiga no que está dizendo.
            O início do tratamento pode ser marcado também por dificuldades, como o fato de o analista e seu novo paciente, ou suas famílias serem amigos ou apresentarem algum outro laço pessoal. O ideal seria não realizar o atendimento pois corre-se o risco de abalar a relação entre os envolvidos, uma vez que o analista necessita manter uma postura ética e não perder de vista o seu profissionalismo.
            Outro ponto importante, que marca o início do tratamento, é a relação tempo e dinheiro. O analista necessita deixar claro que a cada paciente será atribuido um tempo do seu dia, mesmo que o paciente não o utilize. O tempo de tratamento varia de paciente para paciente. Alguns podem precisar de um tempo mais longo de tratamento, que outros.
            O dinheiro é também um ponto importante, pois trata dos honorários do médico. Freud argumenta que pessoas civilizadas podem tratar de dinheiro da mesma maneira que tratam questões sexuais: com incoerência, pudor e hipocrisia. Segundo o médico, um tratamento gratuito significa o sacrifício de uma parte considerável — um sétimo ou um oitavo, talvez — do tempo de trabalho que dispõe para ganhar a vida, durante um período de muitos meses. Ele enfatiza que “nada na vida é tão caro quanto a doença e a estupidez.” Diante do exposto,  é pertinente enfatizar a importância de se pagar por um tratamento.
            Em relação à técnica da associação livre, Freud salienta que não importa o material com que se iniciará o tratamento, o fundamental é que o sujeito fale, de preferência deitado num divã, fora do alcance dos olhos do analista. Por outro lado, ao analista, cabe solicitar que o paciente fale sem se preocupar se as coisas fazem sentido. Aquilo que é importante vai se repetir na fala do paciente, e o analista deverá estar atento.
            Quanto às possiveis resistências, o analista deve sempre estar atento. Muitas vezes o paciente diz que não tem nada de errado ou não sabe o que dizer porque está resistente ao trabalho, talvez por vergonha ou medo.
            Freud salienta que o momento ideal para o analista estabelecer uma comunicação com o paciente é após  uma transferência eficaz ter-se estabelecido. “Permanece sendo o primeiro objetivo do tratamento ligar o paciente a ele e a pessoa do médico.”
            Caso a transferência não ocorra, a possibilidade de o tratamento ser lento e ineficaz aumenta. Outro detalhe importante: quanto mais a verdade se aproxima, mais o risco de resistência aumenta, caso não se tenha estabelecido um rapport.

O paciente, contudo, só faz uso da instrução na medida em que é induzido a fazê-lo pela transferência; é por esta razão que nossa primeira comunicação deve ser retida até que uma forte transferência se tenha estabelecida. (FREUD, 1913, vol. XII , p. 88)


FREUD, 1913, vol. XII

Um comentário:

  1. Adorei as suas pontuações, só assim consegui entender corretamente o texto. Obrigada!
    Bjs

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