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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Análise Comparativa do filme “Deixe-me viver” e do texto “Conversando sobre sexo na família com filhos adolescentes”, de Juliana Carmona Predebon.

Adriane Gisbert Maranho
Marta Barros

De acordo com o texto "Conversando sobre sexo na família com filhos adolescentes", a família, através do diálogo aberto entre os pais e filhos sobre as questões referentes à sexualidade, possui uma influência significativa na iniciação sexual dos jovens. Além da questão sexual, podemos dizer, segundo Winnicott, que a relação objetal entre o bebê e a mãe vai ocasionar em uma formação psíquica positiva e satisfatória quando o bebê estiver diante de uma “mãe suficientemente boa”, ou seja, uma mãe que o acolhe e lhe dá segurança, que oferece um ambiente saudável e tranqüilo.
Diante das teorias acima mencionadas, podemos dizer que a garota do filme “Deixe-me viver” foi vítima de uma “mãe insuficientemente boa”, uma mãe egocêntrica que pensou em si mesma, em realizar seus desejos pessoais, não se importando se o tratamento dado à sua filha estava correto ou não.
A menina do filme, diante de tal mãe, que não conversava, não discutia os assuntos pessoais e familiares, ao contrário os escondia, teve, na adolescência, graves problemas emocionais. A menina que vivia num ambiente familiar conturbado, porém familiar, passou a viver em casas especializadas em menores (orfanatos) depois que sua mãe foi presa por assassinato. O fato da mãe não conversar com a filha, gerou muitas dúvidas e revoltas, provocando atitudes rebeldes como: cortar os cabelos longos e louros com uma faca (navalha), isolar-se dos demais jovens, reagir às provocações etc.
Isso tudo mostra o quanto a adolescência é uma etapa evolutiva e específica do ser humano. É uma fase de transformações. Nesta fase, o adolescente, como é o caso da personagem do filme, está em busca da identidade pessoal. Ela tenta se encontrar nos lares aos quais é enviada e até toma atitude extremada ao escolher, num determinado momento, um “lar” em que as figuras materna e paterna (casal) são inexistentes, ela escolhe, na verdade um “pensionato de mulheres” que vivem a vida de modo desregrado, à margem da sociedade por apresentarem aparência e atitudes fora da normalidade. É a chamada crise da adolescência.
A protagonista do filme é fortemente criticada pela sua mãe no momento em que foi visitá-la na prisão. A menina, trajando roupas curtas e extravagantes, cabelos negros e maquiagem carregada é acusada pela mãe de estar tendo comportamento inadequado e a compara a uma prostituta, o que nos leva a pensar, segundo o texto em estudo, que a mãe (representante da família) não possibilitou um ambiente de trocas, diálogos abertos e orientação sexual, pelo contrário, viveu a sua vida a revelia sem desprender grandes preocupações com a formação da sua filha adolescente.
O texto discute ainda a dificuldade que os pais têm em conversar sobre sexualidade, o quanto se sentem embaraçados ao falar sobre sexo. Os filhos, por sua vez, também relutam em conversar sobre o assunto, pois sentem vergonha.
Na opinião da autora, também é importante criarem programas, intervenções e objetivos para auxiliarem esses pais a desenvolverem algumas habilidades sociais em relação aos seus filhos. É importante ainda salientar que aos pais cabe a função de falar sobre sexo com seus filhos de modo a transmitir valores morais/afetivos sobre atividades sexuais e seus conceitos de certo e errado.
Sendo assim, podemos concluir dizendo que esse “pai” e essa “mãe”, a garota do filme, definitivamente não teve. Ela precisou aprender a lidar com sua afetividade e sexualidade na convivência que estabeleceu, por exemplo, com o rapaz (desenhista), interno no mesmo orfanato que ela e com a moça rica (atriz), com quem ela foi morar por alguns anos, e não com os pais, que é como deveria ter sido.






Bibliografia:

NASIO, J.D. et al. (1995). Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. p. 181-201.

WAGNER, Adriana (coord.). Família em Cena – Tramas, Dramas e Transformações. Petrópolis: Vozes, p. 159-171.

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