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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Meses depois...

Depois de alguns meses, e de muitas ocorrêncas, me ponho a escrever novamente neste, que é um espaço convite à reflexão.
Caros amigos, colegas e visitantes...hoje me coloco diante desta tela pra falar do luto, sim, do luto que estou experimentando.
Sabemos que o luto é o período que separa a perda real da superação desta...é o tempo que necessitamos para sarar as feridas, ou pelo menos deixá-las menos aparentes. As feridas normamente cicatrizam, mas devemos lembrar que deixam marcas...quando não na pele, ficam nas lembranças.
Assim me encontro...em busca da cicatrização de uma ferida que ainda está aberta, e dói...porque não raras vezes me pego agarrada às lembranças...e essas são tão boas, tão lindas...que trazem consigo o sorriso, a alegria, e logo em seguida...a dor, a dor da ausência de alguém que fez a diferença em minha vida, que a saudade insiste em se fazer presente. Ah...como é bom lembrar você! Como é bom sentir saudade!
Não pensem, caros amigos, que gosto de sofrer, não é isso. Mas devo confessar que a saudade e a lembrança me devolve grandes emoções: o sorriso, a alegria, o choro, a tristeza...todas partes integrantes e importantes na elaboração desse processo que estou vivendo: o LUTO.
Quero registrar aqui, que o Junior, meu companheiro, me fez feliz e contribuiu para que eu me tornasse um ser humano mais HUMANO. Por isso, sou grata pela convivência, que apesar de curta, deixa marcas para uma vida inteira.
Agradeço todos os dias a Deus e ao destino...que nos colocou um na vida do outro porque sei que somamos, aprendemos, vivemos!
"Te amo pra sempre, te amo demais...
Até qualquer dia, até nunca mais."

sábado, 24 de julho de 2010

HOME CARE ATENDIMENTO PSICOLÓGICO INFANTIL


A vida diária repleta de atribuições, muitas vezes, priva os pais de acompanharem os filhos para atendimentos psicoterápicos em clínicas especializadas. Sendo assim, pensamos no atendimento home care como uma saída para amenizar a problemática das famílias.
O que é necessário para que o atendimento psicológico aconteça na residência? Simplesmente um espaço em que o atendimento possa acontecer de modo sigiloso, como o escritório da família ou então o próprio quarto da criança, que muitas vezes já conta com uma gama de brinquedos e objetos importantes para o tratamento.
Atender em domicílio tem algumas razões importantes, como por exemplo, o fato de a criança estar num ambiente familiar a ela, o que contribui para a não resistência ao tratamento, fato tão comum quando o assunto é psicoterapia.
É fundamental lembrar que os pais e demais familiares são atores fundamentais no cenário terapêutico e devem vez ou outra, entrar em cena e participarem ativamente do processo terapêutico.

Adriane Gisbert Maranho
CRP 08/15253
Psicóloga Clínica
Especialista em Dificuldades de Aprendizagem e Práticas Pedagógicas.
Atende no Instituto Terapêutico – Rua Joaquim Nabuco, 451 – Zona 04 – Maringá PR
(44) 3031-7752 ou (44) 9911-6105

domingo, 2 de maio de 2010

Análise do filme ANTES DE PARTIR

Adriane Maranho

Carter Chambers (Morgan Freeman) é um homem casado, que há 46 anos trabalha como mecânico. Submetido a um tratamento experimental para combater o câncer, ele se sente mal no trabalho e com isso é internado em um hospital. Logo passa a ter como companheiro de quarto Edward Cole (Jack Nicholson), um rico empresário que é dono do próprio hospital. Edward deseja ter um quarto só para si mas, como sempre pregou que em seus hospitais todo quarto precisa ter dois leitos para que seja viável financeiramente, não pode ter seu desejo atendido pois isto afetaria a imagem de seus negócios. Edward também está com câncer e, após ser operado, descobre que tem poucos meses de vida. O mesmo acontece com Carter, que decide escrever a "lista da bota", algo que seu professor de filosofia na faculdade passou como trabalho muitas décadas atrás. A lista consiste em desejos que Carter deseja realizar antes de morrer. Ao tomar conhecimento dela Edward propõe que eles a realizem, o que faz com que ambos viagem pelo mundo para aproveitar seus últimos meses de vida.
http://www.adorocinema.com.br/filmes/antes-de-partir/antes-de-partir.asp#Sinopse


O filme conta a história de Carter, um mecânico negro, e Edward, um empresário branco, que passam a se conhecer após adoecerem e serem internados no mesmo quarto de enfermaria.
O hospital era de Edward, o empresário que na época da construção do mesmo ordenou que não construíssem quartos individuais, todos deveriam ter dois leitos, em formato de enfermaria. Tudo por medida de economia. Porém, ao descobrir que estava com câncer e ter que ser internado para o tratamento, exigia um leito só para si, o que não foi possível, uma vez que todos os leitos eram duplos. Sendo assim, foi colocado no quarto junto ao mecânico que, apesar de ser um homem simples, era inteligente e bem humorado.
Durante o período que passaram hospitalizados e sofreram intervenções cirúrgicas, na ausência de Psicólogos e recebendo visitas familiares em intervalos curtos de tempo, os dois enfermos encontraram uma maneira bem humorada para driblar a dor e a angústia propiciada pelo câncer. Criaram estratégias de boa convivência. Contavam histórias, faziam brincadeiras, enfim, riam e tentavam se “divertir”, apesar das circunstâncias.
Consciente da gravidade do problema que estava vivendo, Carter lembrou-se da “lista da bota”, que nada mais é do que a lista de desejos, comentada por um professor de filosofia na faculdade. Tal lista foi descoberta por Edward, que propõe que realizem os desejos nela relacionados, a fim de aproveitar seus últimos meses de vida. Então, assim que manifestaram melhora, os dois iniciaram tal façanha viajando pelo mundo vivendo aventuras, antes só pensadas.
Em relação ao período de hospitalização, o que vimos através das imagens cinematográficas foi um modelo médico denominado BIOMÉDICO. Isso quer dizer que a figura desse profissional apresentava-se sempre com uma fala direta e objetiva. Sua postura era rígida. Dava a notícia da doença e dos procedimentos de forma dura. O mesmo ocorria com a equipe de apoio (enfermeiros entre outros) que entravam e saiam da sala sem dar muita atenção aos pacientes, apenas realizavam os procedimentos. Desse modo, é pertinente dizer que a atuação dos profissionais funciona de modo multidisciplinar, ou seja, cada profissional trabalha sob a ótica da sua função, sem manter inter-relação com os demais profissionais e pacientes e/ou familiares.
O filme mostra um hospital bem equipado para atender pacientes com doenças como o câncer, porém carente de profissionais humanistas que percebam o ser humano como um ser individual, dotado de sentimentos, emoções, ou seja, um todo, que merece ser tratado em sua plenitude e jamais ser visto como um coração que funciona mal, um cérebro canceroso, um rim paralisado etc.,
Isso posto, percebemos como a ausência do modelo BIOPSICOSSOCIAL afeta o bem-estar psíquico dos pacientes, no caso em questão, de câncer, que tiveram de enfrentar as dores, as crises, o trauma cirúrgico (pré e pós) sem a presença da família e de profissionais que oferecem algum tipo de apoio, no caso, o Psicólogo Hospitalar. Ao contrário, os pacientes ficaram acamados à mercê dos funcionários que entravam e saiam do quarto, mais para atender de modo técnico do que para atender a um “chamado” do paciente.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Inconsciente - Id, Ego e Superego



          Adriane Maranho
            Segundo Maria Cristina Kupfer (1989), Freud mostrou, através de seus estudos que a divisão da consciência era fruto do conflito de forças psíquicas encontradas no interior do psiquismo, o resultado de uma luta entre o EU e impulsos da natureza inconsciente.
            Foi estudando os sintomas que Freud pôde entender melhor o que era esse inconsciente que se manifestava através desses sintomas. E, aos poucos, foi encontrando em outras formações psíquicas não-neuróticas a manifestação do inconsciente. Freud descobriu então que essas outras manifestações, ao lado dos sintomas, são os sonhos e os atos falhos.
            Kupfer (1989) afirma que foi através dos lapsos, dos sonhos e dos sintomas que Freud deduziu a existência do inconsciente.
            Quando estudava e analisava o ser humano, Freud, de acordo com Fadiman (1986), defendeu a idéia de que há conexões entre todos os eventos mentais. Para o psicanalista, quando um pensamento ou sentimento parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o precedem, as conexões estão no inconsciente.
            Para a psicanálise, no inconsciente estão elementos instintivos, que nunca foram conscientes e que não são acessíveis à consciência.
            “A maior parte da consciência é inconsciente.” (p.7), e, segundo Fadiman (1986), ali estão os princípios determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica, e pulsões ou instintos.
            O pré-consciente, de acordo com Fadiman (1986), é uma parte do inconsciente, mas uma parte que pode tornar-se consciente com facilidade.
            Diz respeito às lembranças de tudo o que você fez ontem, seu segundo nome, todas as ruas que você morou etc.
            “O pré-consciente é como uma vasta área de posse das lembranças de que a consciência precisa para desempenhar suas funções.” (p.8)
            O consciente é, nos dizeres de Fadiman (1986), uma pequena parte da mente e inclui tudo que estamos cientes num dado momento. Freud se interessava em estudar o consciente, mas, era evidente o seu interesse maior por estudar o pré-consciente e o inconsciente que, segundo ele, eram áreas menos exploradas.
            Freud, a partir da sua percepção de que a psique dos seus pacientes estava desorganizada, tenta ordenar a situação de caos aparente e propõe três componentes básicos: o id, o ego e o superego.
            O Id, segundo Fadiman (1986) “contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento.” (...)
            De acordo com esse autor, o Id é a estrutura original, básica e mais central da personalidade. Ele fica exposto tanto às exigências do corpo como aos efeitos do ego e do superego, ou seja, é a “parte” sensível e por isso é denominado como o reservatório de energia de toda a personalidade.
            Mesmo os conteúdos do Id, sendo quase todos inconscientes, são capazes de influenciar a vida mental de uma pessoa, pois agem intensamente e sem controle consciente.
            Sendo o Ego a parte que está em contato com a realidade externa, podemos dizer que ele se vale da experiência, é o chamado “principio da realidade”.
            Ao Ego cabe a tarefa de garantir a saúde, a segurança e a sanidade da personalidade, pois é ele que armazena experiências (na memória), evita estímulos excessivamente internos (mediante a fuga), lida com estímulos moderados (através da adaptação) e aprende a produzir modificações convenientes no mundo externo, em seu próprio beneficio (através da atividade).
            ...”O ego se esforça pelo prazer e busca evitar o desprazer.” (1940, livro 7, pp. 18-19 na ed. bras. In: FADIMAN, 1986, p.11).
            Diante da citação acima, pode-se afirmar que o ego é criado pelo id com a finalidade de reduzir a tensão e aumentar o prazer. Ele deve controlar ou regular os impulsos do id para que o indivíduo busque soluções mais realistas.
            “O id é sensível à necessidade, enquanto que o ego responde às oportunidades.” (p.11)
O grande “juiz” das atividades e pensamentos do ego é o superego. À ele são atribuídas três funções: consciência, auto-observação e formação de ideais.
O Superego age restringindo, proibindo ou julgando comportamentos ou atitudes em um nível consciente e também inconsciente.
Essa estrutura é responsável por causar no indivíduo o sentimento de culpa diante das situações dadas como proibidas.
 A partir da leitura realizada acerca do assunto: inconsciente, id, ego e superego podemos afirmar que ambos são fundamentais para o entendimento do princípio da psicanálise, pois determinam o funcionamento da psique.
 É importante salientar que Freud, observando seus pacientes, percebeu que havia algo que ia além do nível consciente. Todas as angústias, os traumas, entre outros conteúdos, levavam o psicanalista a tentar compreender como tudo se processava e como poderia conseguir a cura para as “dores” do homem.
Durante seus estudos Freud sentiu a necessidade de fazer experimentos e, a eles, foi dando determinados nomes. Assim surgiu o inconsciente que, para ele, subentende acrescentar ainda o pré-consciente e o consciente. O terapeuta iniciou seus estudos nessa direção, queria entender o que havia por “trás” da consciência.  Durante suas investigações ficou evidente a necessidade de organizar alguns aspectos, então, decidiu que seria importante estruturar a psique em três partes: o id, o ego e o superego. Estas determinam a personalidade humana
A partir daí seus estudos objetivava verificar qual a relação existente entre o inconsciente e essas estruturas da personalidade.
O que Freud descobriu e passou a ser reconhecido no mundo científico,  foi que todo ser humano trás consigo o id, estrutura guiada pelo impulso do prazer; o ego, que representa a realidade externa; e o superego, responsável pelo julgamento moral. O que diferencia  a presença marcante de uma estrutura ou de outra no ser humano é que, de acordo com a carga genética e com a influência que o indivíduo recebe do meio ambiente, uma se sobressai mais que a outra. Tem pessoas que vivem sobre a influência do superego e outras do ego e tem aquelas que vivem sobre os impulsos do id. Tudo isso foi descoberto a partir dos estudos realizados em torno do inconsciente.
Portanto, vale salientar que a relação que Freud estabeleceu em suas pesquisas entre o inconsciente e a estrutura da personalidade é a de que apesar de viver socialmente sob os domínios externos (ego), o homem desenvolve sentimentos, desejos (id), consciência de certo ou errado (superego), conteúdos esses extremamente subjetivos, e que ficam alojados numa parte denominada inconsciente.

Bibliografia:

FADIMAN, James. Teorias da Personalidade. São Paulo: HARBRA, 1986.

KUPFER, Maria Cristina. Freud e a Educação - o Mestre do Impossível.  São Paulo: Scipione,1989.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Análise do filme “A Invenção da Psicanálise – O Homem Rato”

Adriane Maranho

Este trabalho consta da análise do filme “A Invenção da Psicanálise – O Homem Rato”, de Sigmund Freud, e tem por objetivo levar à reflexão de como foi que esse médico neurologista descobriu a psicanálise como uma ciência capaz de curar as neuroses instaladas no homem.
O filme mostra ainda as técnicas de tratamento desenvolvidas pelo médico, como a livre associação e análise dos sonhos e discute os sintomas do paciente no momento em que o mesmo está nas sessões, como, por exemplo, a transferência dos seus problemas para o psicanalista; a projeção; os sentimentos reprimidos desde a infância (desejos sexuais); sentimentos de culpa, repulsa; conflito entre amor e ódio.

O filme tem um narrador que vai mostrando a história da vida de um jovem de 29 anos, caracterizado no filme “A Invenção da Psicanálise”, como O Homem Rato. É um advogado e soldado Austríaco que tem como queixa inicial, um medo terrível com o que vai acontecer ao seu pai e à sua namorada.
Em sua primeira consulta revela que pensou em cortar a garganta com uma navalha. Diz que esse sentimento o acompanhava desde os 9 anos.
Trata-se de um caso de Neurose Obsessiva.
O espaço onde os fatos ocorrem é Viena, capital do Império Áustro-Húngaro – 1906, lugar de mulheres bonitas, aristocratas, soldados – cidade de Straus.
Freud é um jovem médico dedicado a estudar o funcionamento do subconsciente do ser humano, pois acredita que todos os problemas estão instalados lá. Seus pacientes pertencem à classe média de Viena.
Dando início ao tratamento do paciente em questão, O Homem Rato, Freud usa a técnica da livre associação. O paciente deita-se no divã e o psicanalista acomoda-se atrás do mesmo para que o paciente sinta-se mais a vontade para falar, uma vez que não mantém contato direto com o olhar do médico.
O paciente diz que sente desejo sexual normal atualmente (aos 29 anos) e que procurou o médico por ter ouvido falar dele. Diz que reduziu sua vida a algo sem sentido e procurou o médico para tentar solucionar o problema.
O paciente estava à beira de um colapso mental.
Freud teria que tentar solucionar o problema. Anotou tudo o que o paciente falou.
Num congresso, o médico falou sobre O Homem Rato.
Numa outra sessão, o paciente falou sobre seu pai e sobre a governanta da casa. Ele disse que a moça usava pouca roupa e que permitiu que ele a tocasse. Sentiu desejo por ela (aos 6 anos). Falou de uma governanta jovem e bonita que costumava tirar a roupa e o deixava ficar admirando. Tinha curiosidade e ereção aos 6 anos. Acreditava que devia evitar tais sentimentos. Disse que ainda que, quando era jovem, não conseguia pensar na morte do pai e ficava nervoso. Agora, aos 29 anos ainda tinha temores que acontecesse algo ao seu pai, embora ele já estivesse morto há muitos anos. Ainda sentia muito medo.
No Congresso, Freud defendeu a idéia de que o paciente desenvolveu um instinto neurótico referente aos impulsos sexuais da infância (6 anos), desejo pela governanta e a morte de seu pai.
Em outra sessão disse que estava nas manobras (deve ser na Guerra ou algo parecido) e perdeu seus óculos e depois discutiu com o tenente. Sentia medo dele porque ele era cruel, ruim, maltratava os prisioneiros colocando-os deitados de bruços com os braços e pernas abertos e amarrados e em cima das nádegas do prisioneiro, colocavam um balde de boca para baixo com ratos dentro para forçar a saída dos ratos pelo ânus. O paciente associou o caso com o que estava acontecendo com uma senhorita. Sentiu desejo, mas reprimiu. Associou outra vez o castigo ao pai.
Chegaram os óculos novos. Deveria pagá-los para livrar seu pai dos ratos. Armou um plano, mas foi covarde e não cumpriu a promessa para não parecer idiota. Ficou indeciso. Foi para Viena, colocou o dinheiro numa carta e entregou para a moça dos correios.
Numa nova sessão, o paciente disse que o pai tinha enfizema. Sabia que o pai morreria no outro dia da visita do médico. Não aceitou nem entendeu a morte do pai. Sentiu-se criminoso. Não estava presente. Freud explica a ele que fez a ligação errada, que o verdadeiro motivo está alojado no inconsciente e que eles têm que torná-lo consciente para fazer a ligação certa. Acha impossível justificar o sentimento de culpa em relação à morte do pai.
O paciente volta a falar sobre o pai. Era amigo, soldado, excelente pessoa. Fala também que, quando tinha 12 anos, apaixonou-se por uma menina mas ela não gostava dele e ele achou que ela só iria namorá-lo se seu pai morresse porque aí sentiria pena dele (passou rapidamente pela cabeça dele). Seis meses antes do pai morrer pensou na morte do pai. Não quis pensar nele. O paciente se recusa a lembrar, diz que não consegue lembrar. Depois disse que se o pai morresse teria dinheiro para se casar. Seria uma possibilidade. Teve o mesmo pensamento na véspera da morte do pai. Não queria, mas pensou. Desejou e sentiu-se ansioso. “Eu a amo, mas nunca a desejo como a governanta quando era menino”, referindo-se a moça pela qual se diz apaixonado.
Freud diz que seus desejos foram inibidos pelas experiências da infância e o seu pai era o empecilho entre ele e o objeto sexual, e que odiava seu pai desde que era criança. O médico disse ainda “o senhor reprimiu seu ódio”.
O paciente revela outro dado, disse que tentou matar seu irmão quando era menino. Segundo Freud, isso era o conflito entre a memória e o orgulho.

Em 18 de março de 1908, Freud analisa o caso do paciente e o sentimento de hostilidade em relação ao pai, ao irmão e a namorada.
Começando uma outra sessão, o paciente diz que estava passeando de barco com a namorada. Começou a chover e ele queria que ela colocasse seu chapéu. A moça não quis. Ela não aceitou sua imposição e ele a agrediu. Depois continuou remando e dizendo que nada devia acontecer a ela, nunca. Disse que em outra situação, estava esperando por ela, não a via há dias. Imaginou que a pedra no meio do caminho podia causar um acidente. Tirou a pedra do caminho e depois achou ridículo e colocou a pedra de volta no caminho. Teve medo de que algo ruim pudesse acontecer a Gisela. Na verdade tinha medo que ela não o amasse. (E era verdade, ela não o amava). Ele pensava “Eu te odeio Gisela”.
Freud, no Congresso, falou do antagonismo, tirou a pedra do caminho, mas a recolocou (salvar X expor a moça ao perigo). Quando reza pede proteção à Gisela e ao pai e, ao mesmo tempo, pede a não proteção (tenta afastar o mau pensamento em relação a Gisela). Freud escreve no quadro GISELA AMEM, que, falado repetidas vezes e rapidamente, sugere o som “semem”. A explicação que Freud dá é que enquanto rezava rapidamente, o paciente se masturbava.
Numa próxima sessão o paciente “briga” com Freud e este explica que está tentando transferir para ele as suas emoções. O rapaz começa dizer que depois da morte do pai, a mãe insinuou que se casasse com a prima. Ficou doente e a idéia desapareceu. Em seguida, disse que queria falar sobre uma jovem que havia visto na porta da casa do Freud e que o havia deixado muito excitado. Gritou com Freud e perguntou ao psicanalista se ele queria que fosse seu genro.
Freud disse que ele estava transferindo para ele a aversão à possibilidade de casamento. Essa não é a prima rica que a sua mãe queria que se casasse? Freud atribuía muita importância aos sonhos como meio de revelar o inconsciente. As ações dos nossos sonhos interpretados corretamente dão noção do que está no inconsciente.
O paciente briga com Freud e diz que ele o enoja. Freud diz que é porque ele o associou ao pai que queria que ele se casasse com a prima rica.
Freud vai explicando toda a transferência do paciente (o trabalho, os estudos etc).
Ao paciente, foi explicando que há dois lados de relacionamento inconsciente entre o amor e o ódio expresso em um ato obsessivo isolado.
OBS.: Aparece uma cena em que o paciente despiu-se e masturbou-se em frente ao espelho, no escritório.
Num outro depoimento comentou que o pai bateu nele porque havia mordido alguém (relação com o sexo). Xinga Freud e pergunta porque não o põe na rua. Lembra da surra que o pai lhe deu. Bateu muito forte e disse que ele seria um grande homem ou um criminoso. Confessou que tem receio do pai mesmo depois de muito tempo de sua morte.
Freud no Congresso: 10 meses de luta contra (ponto de retorno) a relação de amor e ódio com o pai. Freud pôde refazer a história dos ratos (dinheiro/sujeira; ratos também).
“Quando menino, vi ratos serem mortos com pauladas”
Freud disse que o rato era o paciente quando criança apanhando do pai porque havia mordido alguém.
Na sessão, Freud faz a seguinte análise ao paciente: você devia dinheiro à moça dos correios. Não foi pessoalmente pagá-la porque estava interessado nela, gostava dela, pensou em dormir com ela. Mas aí seria infiel à moça a quem dizia amar (Gisela) e brigava com ela, e estava agradando ao seu pai porque ele queria que se casasse com a prima rica. Inconscientemente, o Sr. reprimiu o fato de que devia dinheiro à moça dos correios e conflitos que eram muito penosos para serem lembrados. Não sabia se continuava a obedecer a seu pai ou se continuava fiel à mulher que tanto amava.
No Congresso, Freud explicou que, no momento em que chegaram à solução, o problema dos ratos desapareceu. Comparou o caso neurótico obsessivo a uma árvore que espalha seus galhos em toda direção, mas seja qual for a folha que a pessoa tomar, ela sempre seguirá o caminho da raiz causadora do mal. O conflito entre o amor e o ódio que nasceu da crença inconsciente do paciente, de que seu pai ficou entre ele e os seus desejos sexuais acabou quando o ódio por seu pai foi revelado. O conflito entre o amor e o ódio ficou resolvido e a importância da sua personalidade normal foi restabelecida.

O tratamento do “Homem Rato” levou 11 meses. A cura foi completa. Não houve recaída.
O próprio Freud e seus colegas reconheceram como um avanço. Provou a existência da sexualidade infantil. Mostrou a ocorrência de experiência precoce da infância e a influência no futuro dessas experiências ocultas em nosso subconsciente.
As idéias psicanalistas de Freud, amplamente apoiadas pelas provas do caso do Homem Rato, ainda que causassem controvérsias, mas para o bem ou para o mal, foram profundamente influenciadas.
Freud é um dos poucos homens do qual podemos autenticamente dizer “ele
revolucionou nossos pensamentos e o nosso modo de viver.”

Ao assistir ao filme “A Invenção da Psicanálise – O Homem Rato”, certamente ampliamos os nossos conhecimentos a respeito da psicanálise como ciência e técnica de tratamento dos problemas humanos, principalmente os que têm suas origens na fase da infância.
Ficou evidente a importância do médico neurologista, e por que não dizer, cientista Freud, para a humanidade, afinal, ele mostrou-se determinado em seus estudos e foi enfático e coerente ao tornar público suas descobertas acerca da psique humana.
Outro dado importante foi poder visualizar como aconteciam as sessões entre o paciente e o psicanalista, podendo perceber a técnica utilizada e o trato dado por ele ao paciente em crise.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

SOBRE O INÍCIO DO TRATAMENTO (NOVAS RECOMENDAÇÕES SOBRE A TÉCNICA DA PSICANÁLISE) 1913


Adriane Maranho

            Ao ler o texto em questão nos deparamos com a técnica utilizada pela psicanálise para a realização da Associação Livre, que tem como objetivo propiciar ao paciente a possibilidade de expressar seus sentimentos, falar simplesmente sobre o cotidiano, enfim, sobre as coisas que lhe forem importantes e/ou surgirem espontaneamente.
            O texto mostra aspectos como a seleção de pacientes, bem como a importância de deixá-lo falar praticamente o tempo todo sem explicar além do necessário para que prossiga no que está dizendo.
            O início do tratamento pode ser marcado também por dificuldades, como o fato de o analista e seu novo paciente, ou suas famílias serem amigos ou apresentarem algum outro laço pessoal. O ideal seria não realizar o atendimento pois corre-se o risco de abalar a relação entre os envolvidos, uma vez que o analista necessita manter uma postura ética e não perder de vista o seu profissionalismo.
            Outro ponto importante, que marca o início do tratamento, é a relação tempo e dinheiro. O analista necessita deixar claro que a cada paciente será atribuido um tempo do seu dia, mesmo que o paciente não o utilize. O tempo de tratamento varia de paciente para paciente. Alguns podem precisar de um tempo mais longo de tratamento, que outros.
            O dinheiro é também um ponto importante, pois trata dos honorários do médico. Freud argumenta que pessoas civilizadas podem tratar de dinheiro da mesma maneira que tratam questões sexuais: com incoerência, pudor e hipocrisia. Segundo o médico, um tratamento gratuito significa o sacrifício de uma parte considerável — um sétimo ou um oitavo, talvez — do tempo de trabalho que dispõe para ganhar a vida, durante um período de muitos meses. Ele enfatiza que “nada na vida é tão caro quanto a doença e a estupidez.” Diante do exposto,  é pertinente enfatizar a importância de se pagar por um tratamento.
            Em relação à técnica da associação livre, Freud salienta que não importa o material com que se iniciará o tratamento, o fundamental é que o sujeito fale, de preferência deitado num divã, fora do alcance dos olhos do analista. Por outro lado, ao analista, cabe solicitar que o paciente fale sem se preocupar se as coisas fazem sentido. Aquilo que é importante vai se repetir na fala do paciente, e o analista deverá estar atento.
            Quanto às possiveis resistências, o analista deve sempre estar atento. Muitas vezes o paciente diz que não tem nada de errado ou não sabe o que dizer porque está resistente ao trabalho, talvez por vergonha ou medo.
            Freud salienta que o momento ideal para o analista estabelecer uma comunicação com o paciente é após  uma transferência eficaz ter-se estabelecido. “Permanece sendo o primeiro objetivo do tratamento ligar o paciente a ele e a pessoa do médico.”
            Caso a transferência não ocorra, a possibilidade de o tratamento ser lento e ineficaz aumenta. Outro detalhe importante: quanto mais a verdade se aproxima, mais o risco de resistência aumenta, caso não se tenha estabelecido um rapport.

O paciente, contudo, só faz uso da instrução na medida em que é induzido a fazê-lo pela transferência; é por esta razão que nossa primeira comunicação deve ser retida até que uma forte transferência se tenha estabelecida. (FREUD, 1913, vol. XII , p. 88)


FREUD, 1913, vol. XII

terça-feira, 6 de abril de 2010

Análise do filme MENTES PERIGOSAS, de acordo com o texto O QUE É PSICOLOGIA SOCIAL



 Adriane Maranho
Filme “Mentes Perigosas”
Texto “O que é Psicologia Social”, Silvia Lane

            De acordo com Silvia Lane, a identidade social “é o que nos caracteriza como pessoa” (p.16). No caso do filme “Mentes Perigosas”, vimos um grupo de adolescentes de classe social baixa, identificados, num primeiro momento, de forma genérica. Todos os alunos daquela determinada sala de aula, em destaque no filme, eram considerados rebeldes, mal educados etc. Nenhum professor conseguia trabalhar com a turma, os alunos formaram um verdadeiro clã e não permitiam que nenhuma aula fosse dada. Os professores desistiam, com isso, o grupo de adolescentes se fortalecia.

                           Este aspecto de representação de si mesmo parece ser uma característica de adolescente do qual não é exigida uma definição precoce e cujo ambiente social deve enfatizar a autodeterminação do jovem sem impor modelos “bons” a serem seguidos. (p.19)

            No caso dos adolescentes do filme, o modelo que tinham para seguir não era dos melhores até que se deparam com uma professora que, apesar da inexperiência no magistério, tinha características marcantes e importantes para a formação do adolescente: persistência, criatividade, coragem, afeto, respeito.
            A partir do contato com essa professora, os adolescentes que viviam em completo estado de alienação, sempre agindo em grupo e contrariando toda e qualquer regra, tiveram a oportunidade de trocar experiências, de deixar aflorar a criatividade, de dar opiniões, sugestões, de mostrar suas diferenças etc. Enfim, puderam ter consciência de si mesmos e com isso provocar mudanças em suas identidades.

 (...) a consciência de si poderá alterar a identidade social, na medida em que, dentro dos grupos que nos definem, questionamos os papéis quanto à sua determinação e função históricas e, na medida em que os membros do grupo se identifiquem entre si quanto a essa determinação e constatem as relações de dominação que reproduzem uns sobre os outros, é que poderá se tornar agente de mudanças sociais. (p.24)

            Ao final do filme, verificamos que houve mudança no comportamento individual e social daquele grupo. Os adolescentes começaram a valorizar o outro, respeitando seus limites e diferenças. Perceberam a importância do afeto. Permitiram-se viver emoções novas. Entenderam como deve ser a vida socialmente, como a opinião e o sentimento do outro pode influenciar na formação de cada um e conseqüentemente influenciar o todo. "A consciência individual do homem só pode existir nas condições em que existe a consciência social" (A. Leontiev, O Desenvolvimento do Psiquismo, p. 88 in: Silvia Lane, p.24).

     

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Análise Comparativa do filme “Deixe-me viver” e do texto “Conversando sobre sexo na família com filhos adolescentes”, de Juliana Carmona Predebon.

Adriane Gisbert Maranho
Marta Barros

De acordo com o texto "Conversando sobre sexo na família com filhos adolescentes", a família, através do diálogo aberto entre os pais e filhos sobre as questões referentes à sexualidade, possui uma influência significativa na iniciação sexual dos jovens. Além da questão sexual, podemos dizer, segundo Winnicott, que a relação objetal entre o bebê e a mãe vai ocasionar em uma formação psíquica positiva e satisfatória quando o bebê estiver diante de uma “mãe suficientemente boa”, ou seja, uma mãe que o acolhe e lhe dá segurança, que oferece um ambiente saudável e tranqüilo.
Diante das teorias acima mencionadas, podemos dizer que a garota do filme “Deixe-me viver” foi vítima de uma “mãe insuficientemente boa”, uma mãe egocêntrica que pensou em si mesma, em realizar seus desejos pessoais, não se importando se o tratamento dado à sua filha estava correto ou não.
A menina do filme, diante de tal mãe, que não conversava, não discutia os assuntos pessoais e familiares, ao contrário os escondia, teve, na adolescência, graves problemas emocionais. A menina que vivia num ambiente familiar conturbado, porém familiar, passou a viver em casas especializadas em menores (orfanatos) depois que sua mãe foi presa por assassinato. O fato da mãe não conversar com a filha, gerou muitas dúvidas e revoltas, provocando atitudes rebeldes como: cortar os cabelos longos e louros com uma faca (navalha), isolar-se dos demais jovens, reagir às provocações etc.
Isso tudo mostra o quanto a adolescência é uma etapa evolutiva e específica do ser humano. É uma fase de transformações. Nesta fase, o adolescente, como é o caso da personagem do filme, está em busca da identidade pessoal. Ela tenta se encontrar nos lares aos quais é enviada e até toma atitude extremada ao escolher, num determinado momento, um “lar” em que as figuras materna e paterna (casal) são inexistentes, ela escolhe, na verdade um “pensionato de mulheres” que vivem a vida de modo desregrado, à margem da sociedade por apresentarem aparência e atitudes fora da normalidade. É a chamada crise da adolescência.
A protagonista do filme é fortemente criticada pela sua mãe no momento em que foi visitá-la na prisão. A menina, trajando roupas curtas e extravagantes, cabelos negros e maquiagem carregada é acusada pela mãe de estar tendo comportamento inadequado e a compara a uma prostituta, o que nos leva a pensar, segundo o texto em estudo, que a mãe (representante da família) não possibilitou um ambiente de trocas, diálogos abertos e orientação sexual, pelo contrário, viveu a sua vida a revelia sem desprender grandes preocupações com a formação da sua filha adolescente.
O texto discute ainda a dificuldade que os pais têm em conversar sobre sexualidade, o quanto se sentem embaraçados ao falar sobre sexo. Os filhos, por sua vez, também relutam em conversar sobre o assunto, pois sentem vergonha.
Na opinião da autora, também é importante criarem programas, intervenções e objetivos para auxiliarem esses pais a desenvolverem algumas habilidades sociais em relação aos seus filhos. É importante ainda salientar que aos pais cabe a função de falar sobre sexo com seus filhos de modo a transmitir valores morais/afetivos sobre atividades sexuais e seus conceitos de certo e errado.
Sendo assim, podemos concluir dizendo que esse “pai” e essa “mãe”, a garota do filme, definitivamente não teve. Ela precisou aprender a lidar com sua afetividade e sexualidade na convivência que estabeleceu, por exemplo, com o rapaz (desenhista), interno no mesmo orfanato que ela e com a moça rica (atriz), com quem ela foi morar por alguns anos, e não com os pais, que é como deveria ter sido.






Bibliografia:

NASIO, J.D. et al. (1995). Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. p. 181-201.

WAGNER, Adriana (coord.). Família em Cena – Tramas, Dramas e Transformações. Petrópolis: Vozes, p. 159-171.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Refletindo acerda da Psicologia e o SUS


Adriane Maranho
            Os textos para esta análise tratam de conteúdos relacionados ao SUS (Sistema Único de Saúde), abordam questões  que refletem o contexto histórico da atenção à saúde no Brasil; da re-orientação da assistência: a era da promoção da saúde; e também versam sobre a ressignificação exigida para pensar a saúde na perspectiva coletiva: contrastando Saúde Pública e Saúde Coletiva e, por fim, enfatiza os desafios da prática psicológica no SUS. São aspectos que colocam em discussão o trabalho do Psicólogo, bem como a atuação da área Psi.
            Pois bem, ao pensarmos no contexto histórico da atenção à saúde no Brasil podemos dizer que este perpassa o caminho político, uma vez que surge a necessidade de modificar o sistema, ou seja, a história revela que o modelo curativo não funiona de modo adequado, então é fundamental que haja  uma reorganização e que esta esteja voltada à individualização. O momento passa a ser o de prevenção.
            Onde entra a política nessa história? Ela surge como resposta aos debates e fomentações a respeito do assunto. O resultado é que na Constituição de 1988 ficou estabelecido que os princípios básicos do SUS seriam os seguintes: universalidade, gratuidade, integralidade e organização descentralizada. E todos deveriam seguir, uma vez que priorizava a melhora no atendimento à saúde.
            Outro aspecto interessante é o da determinação social da doença, ou seja, ao longo do tempo percebeu-se que o importante era levar em consideração não somente a doença individual do sujeito e sim observar comportamento do indivíduo, a cultura em que o mesmo está inserido, assim seria possível compreender o adoecimento.
            E o Psicólogo, como ele atua em benefício das tais doenças individuais e sociais? Afinal, tem espaço para ele?
            Pois bem, entre as atuações da Saúde pública e da Saúde Coletiva surge então o psicólogo. Verificou-se a necessidade de não mais ver o individuo apenas sob o aspecto Biológico e sim sob o aspecto das Ciências Humanas, o que significa dizer que abre-se o campo para a multidisciplinaridade, ou seja, agora os profissionais discutem os casos, cada um na sua especialidade, porém respeitando a área de atuação de todos, inclusive a área da Psicologia, especialmente a Psicologia Social.
            Por fim, o texto coloca os desafios da prática psicológica no SUS. Sim, um desafio, uma vez que o sistema desvia (ou pelo menos tenta) a atuação desse profissional restringindo-o ao atendimento ambulatorial. O fundamental aqui é que o profissional tenha uma noção exata não só do indivíduo, mas também da sua real contribuição para a melhora do paciente. É importante também que as áreas psi saibam delimitar bem seus campos de atuação. Nesse momento o Psicólogo deve estar certo do seu papel na atuação do SUS, desse modo poderá contribuir,por exemplo, para uma diminuição da medicalização no campo da Psiquiatria, uma vez que a psicologia pode contribuir na recuperação do indivíduo.
            Voltando à questão política, não podemos deixar de mencionar o fato de ser através dela que se organiza órgãos públicos. No caso do SUS, é politicamente que se trabalha os princípios básicos, ou seja, a regionalização, a integralidade e a participação popular, tudo isso é decidido politicamente para que se possa garantir a ordem e o cumprimento das regras estabelecidas.
            Isso posto, podemos afirmar que, apesar dos esforços políticos, sociais e sanitários ao longo do tempo,   o SUS continua frágil. Nem todos os “doentes” recebem atendimento adequado; nem todos os funcionários do SUS dão e/ou recebem atendimentos adequados. Há uma tentativa legal de moralização do Sistema Único de Saúde, porém, verificamos que na prática as coisas não ocorrem de fato. Falta motivação (intrínseca e extrínseca) por parte de quem trabalha e há uma descrença, um conformismo de quem precisa ser atendido. A fragilidade do SUS se revela também no aumento de Planos de Saúde particulares, em que as pessoas melhores favorecidas pagam para garantir um atendimento de qualidade e não ter que enfrentar fila de espera para realizarem cirurgias de grande porte ou até mesmo para serem atendidos em casos corriqueiros.
            O sentimento que fica é o de impotência, tanto do ponto de vista de quem necessita de atendimento quanto do profissional que fica limitado em atender a demanda, principalmente no que diz respeito à profissão Psicólogo, pois bem sabemos que na rede pública o atendimento é escasso e na rede privada ainda nem exitem convênios para tal atendimento. O que fica é a sensação de que a luta pelo espaço/atuação na área de Psicologia vai longe.

quarta-feira, 31 de março de 2010

O adolescente, o “ficar” e a família

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Revista UNINGÁ, Maringá – PR, n.13, p.65-80, jul./set. 2007
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O adolescente, o “ficar” e a família
The teenager, the "making out" and the family
PATRÍCIA FREITAS¹
ADRIANE GISBERT MARANHO2
RESUMO: Convivendo com adolescente no dia-a-dia é notório e curioso
seu comportamento diante das novidades acerca dos relacionamentos
‘amorosos’. O despojamento e a naturalidade com que eles tratam o
assunto é digno de uma investigação mais detalhada. Partindo das
premissas citadas acima buscamos evidenciar como ocorre atualmente a
relação dos adolescentes com o “ficar” – palavra usada por eles para
definir envolvimento sem compromisso -, e qual é a relação da família
diante dessa temática. Para isso, foram feitas observações, diálogo
informal, aplicação de questionário e produção de textos que abarcam o
tema em questão, sendo estudantes da 7ª série de uma escola particular na
cidade de Maringá – PR. Por intermédio desta pesquisa pretendemos
desvendar as diferentes opiniões dos meninos e meninas em relação ao
namoro e ao “ficar”.
Palavras-chave: Adolescente. “Ficar”. Família.
ABSTRACT: If you deal daily with teenagers, you can notice how
curious their behaviors are when they are related to their love
relationships. The spontaneity and naturalness they present when they
confront the matter deserves to be observed and studied. Considering the
premises above, we intend to show how teenagers are connected to the
short-term relationships called "making out" – expression used by them to
define a relationship with little involvement and no commitment -, as well
as what role the family plays facing that theme. For that, were counted on
observations, informal chats, questionnaires and texts that are related to
_______________________________________
1Professora Mestre Faculdade Ingá – UNINGÁ – Rua Pioneiro Mucio Rodrigues,
1237B, Jd. Brasil, Cep 87005-190, Maringá-PR, e-mail: uninga@uninga.br
2 Acadêmica do Curso de Psicologia Faculdade Ingá – UNINGÁ.
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our main subject. All this material was supplied by students of the 7th year
of a private school from Maringá – PR. This paper aims to unmask the
different opinions of boys and girls regarding the relationships between
boys and girls who "date" and the one of boys and girls who "make out".
Key-words: Teenager. "Making out". Family.
INTRODUÇÃO
De acordo com Aberastury (1982), o termo adolescência
significa em latim (ad: a, para a + olescere: forma incoativa de olere,
crescer) significa a condição ou o processo de crescimento. O termo se
aplica especificamente ao período da vida compreendido entre a
puberdade e o desenvolvimento completo do corpo, cujos limites se
fixam, geralmente entre os 13 e os 23 anos.
Na definição do Novo Dicionário Aurélio (FERREIRA, 1986), a
palavra adolescência quer dizer (Do lat. Adolescentia.) S.f. 1. O período
da vida humana que sucede à infância começa com a puberdade, e se
caracteriza por uma série de mudanças corporais e psicológicas (estendese
aproximadamente dos 12 aos 20 anos). 2. Psicol. Período que se
estende da terceira infância até a idade adulta, marcado por intensos
processos conflituosos e persistentes esforços de auto-afirmação.
Corresponde à fase de absorção dos valores sociais e elaboração de
projetos que impliquem plena integração social.
Na concepção de Melman (1997), “[...] a adolescência
representa, na nossa cultura, o que se chama de crise psíquica.” Essa crise
ocorre devido às inúmeras transformações biológicas e psíquicas
decorrentes dessa fase. Para o autor, crise psíquica corresponde ao
momento em que um sujeito não encontra o lugar de seu gozo, ou seja,
não apresenta ainda o que caracteriza o adulto: o hábito e a repetição.
[...] a adolescência é esse momento em que o que até
aqui, enquanto criança, funcionava no registro da
privação, bruscamente, vai lhe dar acesso a esse
campo infinitamente mais complexo que é o da
castração. Trata-se do fato de que não basta ter esse
instrumento para possuir seu exercício, mas que o
processo do acesso à sexualidade faz-se de maneira
muito mais complexa.
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Segundo o autor citado acima, o que é impressionante é a
discordância que nossa cultura mantém entre ponto de vista biológico,
subjetivo e social. Para ele, do ponto de vista biológico é evidente que o
adolescente está maduro e, portanto, às voltas com desejos sexuais. Ele
aponta também a discordância em relação ao estatuto biológico e o
estatuto social. O primeiro mostra a manifestação sexual na adolescência,
o segundo diz ser o adolescente, juridicamente, incapaz para o ato sexual.
A outra discordância apontada pelo autor é subjetividade, o exato
momento em que o adolescente descobre o corpo, um corpo que faz suas
exigências. Não podendo contar com ninguém, o adolescente e, diante da
discordância entre o que seu corpo “fala”, o que o estatuto social prega e
o que sua subjetividade aponta, ao adolescente o ato que, segundo Lacan
“não há nada a esperar de ninguém e que é preciso se virar sozinho”.
O autor defende a idéia de que o adolescente deve ter o mesmo
direito a ingressar no mundo adulto ao mesmo tempo em que na vida
sexual. No entanto, o traço maior de nossa cultura é deixar ao sujeito, a
responsabilidade de sua implicação na vida sexual, deixando-o muitas
vezes ir de encontro às reações familiares e sociais que podem querer se
opor.
Melman (1997) relaciona o adolescente ao Minotauro (deus
meio-humano, meio-animal), um deus que devora os jovens – o deus da
castração.
Rassial (1997) diz que a adolescência começa a partir de uma
transformação fisiológica e termina por uma transformação sociológica: a
entrada na vida social. A psicologia tradicional costumava dizer que a
adolescência era um período de acomodação, de arranjo do ego, a partir
de causas externas ao psiquismo.
Segundo o autor, do ponto de vista psicanalítico,
a adolescência é uma operação de um peso tal em que
a estrutura subjetiva, além da imagem do eu, é
colocada em causa por seu efeito e por sua ausência; e
se uma tal operação é concebível, ela trará
conseqüências para a clinica e para a pratica da cura.
Não é porque o eu é imaginário que as modificações
dele são em conseqüências simbólicas.
Corso e Corso (1997) comparam o fim da infância ao game
over, ou seja, acabou, chegou ao fim o “controle”. “É uma sensação de
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que o tempo que os pais tinham para educar seus filhos acabou. Os
controles não funcionam mais, não respondem”.
Ainda de acordo com os autores citados acima, mais do que
partilhar do alarmante que pode ser determinadas vivências adolescentes,
os perigos, as irresponsabilidades etc., pensamos que há nesse modo de
ver uma postura bastante preconceituosa por parte dos ditos adultos. “A
adolescência é o momento de ruptura com a posição, própria da infância,
de ser uma possessão dos pais”. Na verdade os pais apresentam inúmeras
dificuldades de ver que seu filho cresceu, se tornou um ser adulto e que é
um momento de assumir uma nova postura enquanto pai e mãe.
Os autores mencionam que um cordão umbilical ainda faz trocas
subjetivas entre o inconsciente de pais e filhos. Segundo eles, a
adolescência tem como premissa o corte desse cordão, ou seja, uma
distância se consolida. Conforme Corso e Corso (1997)
Pais e adultos, em geral, pouco podem elaborar sobre
adolescência: a se portar como se fossem ainda
adolescentes ou negam o fenômeno revelando essa
incapacidade de compreender de que falávamos.
Torna-se óbvio, então, pensar que a impossibilidade
de saber sobre a adolescência advém da
impossibilidade de saber sobre a sua adolescência”.
Para eles, ao estudar a adolescência, constatamos que não é
preciso esperar a morte real dos pais para que se opere algo dessa ordem.
E dizem mais: a operação própria da adolescência é a agonia e morte dos
pais reais enquanto suporte do ideal. A desidealização dos pais, sua
conseqüente queda da posição de amantes, amados e alicerces, deixa o
sujeito frente aos seus pais reais, que obviamente ainda estão por ali,
numa posição de estranhamento.
[...] O desencanto é mútuo, os corpos ardentes, o
fantasma da separação ronda a relação, mas o
divorcio, longe de ser eminente realidade, é uma
sombra. Na verdade, o processo continua, o
adolescente ainda não é adulto, os pais ainda não
estão velhos, seguindo com o game insert coins.
Salientam através da teoria de Freud que o adolescente pode ser
definido do seguinte modo: “[...] inquietante estranheza, estranho,
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sinistro, são as formas mais habituais de dar conta de um significante
que, de fato, não tem nenhuma correspondência em português”. O novo
comportamento apresentado pelo adolescente, segundo os autores, causa
o estranhamento e abre as portas para a agressividade.
É preciso lembrar que, quando chega a adolescência, a infância
acabou. O sujeito é parido subjetivamente da família: é expulso do corpo
sintomático em cujo ventre se formou.
É francamente observável que o olhar crítico, fruto da nova
distância daquele que se torna um outro indivíduo, não mais parte
integrante do ser dos pais, aponta as fragilidades dos adultos enquanto
possíveis modelos identificatórios. Aqui, de acordo com os autores,
caímos noutra questão: a da relação dos adultos enquanto pais com a
tradição em que estão submersos, a qual, reconhecida ou não, constitui o
substrato simbólico que os faz ser o que são.
A própria família nuclear baseada na livre escolha
amorosa traz já em seu cerne o seu próprio ponto de
ruptura, pois se baseada na livre escolha deve
trabalhar no sentido de liberar a criança de si mesma.
“A criança deve ter sua história individual,
independente das origens sociais e culturais de seus
pais.” (CORSO; CORSO, 1997)
Os pais, hoje, julgam-se em profunda falta relativa aos pais que
deveriam ser, e tudo o que fazem visa compensar os filhos pelos pais que
eles “não tem”.
Nessa relação pais e filhos, segundo Corso e Corso (1997), os
pais costumam ter duas saídas, a retrógrada e a moderninha: na primeira,
decretam seu permanente estado de horror, excluindo-se da cena; na
segunda, retroagem à própria posição de adolescentes, dando camisinhas
a assustados púberes que conhecem tão bem seus corpos e os do seu
oposto.
De acordo com Pereira (1997) é bem visível para todos nós o
amor das crianças pelos pais e pelos educadores: eles têm um saber. Mas
é notável a posição ambivalente, oscilante, entre o amor e o ódio que
temos, neuroticamente, em relação ao ensino e à educação.
Para essa autora, tanto a castração quanto a educação são
caminhos subjetivos a serem percorridos por cada criança, processos
através dos quais se podem esperar que cada um chegue a achar um lugar
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no mundo dos adultos. Sofrem processos de transformações, de
metamorfose.
Quando uma criança entra no processo da
adolescência, coloca em questão, de forma radical, a
sua identidade e ainda mais: reinterroga também a
identidade dos pais, a do casal, e, de forma ampla,
todo o laço social (PEREIRA, 1997).
A autora ainda salienta que:
Em termos de educação, a escola constitui um ponto
nodal na nossa sociedade. É onde se dá a passagem
família (âmbito das trocas privadas) para a
coletividade, encontro e muitas vezes confronto do
projeto familiar e do projeto social. O lugar que cada
um virá a ocupar como adulto, no percurso aí
realizado. Neste, a posição de adolescente se
diferencia, e muito, daquela da infância.
Com a irrupção da puberdade, dos imperativos do corpo e da
sexualidade, o adolescente vai ver-se às voltas com a difícil tarefa de ter
que dominar essa espécie de vulcão e, ainda por cima, vir a se posicionar
sexuadamente. “Ele vai descobrir que a satisfação relativamente à qual ele
é agora autorizado, a satisfação genital. É também uma satisfação parcial,
não garante nenhum gozo total”.
A autora afirma que é inevitável que o adolescente se depare
também com o fato de que a sociedade que o esperam o exercício da vida
adulta é organizada sintomaticamente, é cheia de falhas e contradições.
Diante disso, o adolescente é um bom denunciante, tudo o que ele quer é
não ser “contaminado”, não ter a ver com essa castração que organiza
nossas relações.
Mas para assumir o mundo em que se está com
responsabilidade, indo um pouco além do lugar da metamorfose
ambulante do adolescente, é preciso que o adulto que esteja engajado nos
lugares de transmissão possa, ele também, manter algumas significações
na vida que sejam diferentes dos modelos massificados de gozo que
prometem a adequação impossível à imagem do ideal. “[...] não estar
totalmente mergulhado num imperativo de gozo que o faça esquecer isso
com que o adolescente se encontra essa verdade fundamental: que no
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Outro há essa falta que nenhum saber pode vir a completar” (PEREIRA,
1997).
Numa outra abordagem Aberastury (1992) comenta que as
mudanças psicológicas que se produzem na adolescência levam a uma
nova relação com os pais e com o mundo. Isto só é possível quando se
elabora, lenta e dolorosamente, o luto pelo corpo de criança, pela
identidade infantil e pela relação com os pais da infância. “Só quando o
adolescente é capaz de aceitar, simultaneamente, seus aspectos de
criança e de adulto pode começar a aceitar em forma flutuante as
mudanças do seu corpo e começa a surgir a sua nova identidade”. De
acordo com a autora, esse longo processo de busca de identidade ocupa
grande parte da sua energia é a conseqüência da perda da identidade
infantil que se produz quando começam as mudanças corporais.
Por outro lado, conforme destaca Aberastury (1992), os pais
também vivem os lutos pelos filhos, ou seja, eles também precisam fazer
o luto pelo corpo do filho pequeno, pela sua identidade de criança e pela
sua relação de dependência infantil. A situação agora é diferente. Os pais
são julgados pelos filhos, e a rebeldia e o enfrentamento são mais
dolorosos se o adulto não tem consciente os seus problemas frente ao
adolescente.
O adulto se agarra a seu mundo de valores que, com
triste freqüência, é o produto de um fracasso interno e
de um refúgio em conquistas típicas de nossa
sociedade alienada. O adolescente defende os seus
valores e despreza os que o adulto quer lhe impor;
ainda mais sente-os como uma armadilha da qual
precisa escapar.
Aberastury (1992) afirma que são três as exigências básicas de
liberdade que apresenta o adolescente de ambos os sexos a seus pais: a
liberdade nas saídas e horários, a liberdade de defender uma ideologia e a
liberdade de viver um amor ou um trabalho.
Se estas exigências não forem bem trabalhadas, ou seja, se os
pais partirem do ponto de que a necessidade de liberdade do filho deve
acontecer segundo o seu controle, o risco de conflito é grande. Segundo a
autora, “o adolescente precoce, a criança em torno dos dez anos, sente
uma grande necessidade de ser respeitada na sua busca desesperada de
identidade, de ideologia, de vocação e de objetos de amor”. Caso isso não
ocorra, será muito difícil que no momento da adolescência haja uma
compreensão e diálogo entre os pais e os filhos.
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Por ouro lado, além da dificuldade de relacionamento entre pais
e filhos, percebe-se também a dificuldade de relacionamento do
adolescente com o mundo externo, uma vez que as mudanças de seu
corpo pedem uma mudança de papel frente ao mundo exterior, e o mundo
exterior exige-lhe se ele não o assume. “Esta exigência do mundo
exterior é vivida como uma invasão a sua própria personalidade”.
Aberastury (1992) ressalta também que mesmo que o
adolescente não queira, é exigido como se fosse um adulto, e essa
exigência do mundo exterior geralmente o conduz – como defesa – a
manter-se nas suas atitudes infantis.
Na concepção de Osório (1989), a adolescência é uma etapa
evolutiva peculiar ao ser humano, pois nela culmina todo o processo
maturativo biopsicossocial do indivíduo. [...] “a adolescência vem sendo
considerada o momento crucial do desenvolvimento do indivíduo, aquele
que marca não só a aquisição da imagem corporal definitiva como
também a estruturação final da personalidade”.
O autor defende o ponto de vista de que o perfil básico do
adolescente é delineado por mecanismos psicossociais: crise e identidade.
Segundo Osório (1989), devemos conceber a palavra CRISE
como ato ou faculdade de escolher, decidir e/ou resolver algo. “A
adolescência é uma crise vital como são tantas outras ao longo da
evolução do indivíduo (o desmame, o início da socialização ao término
da 1ª infância, o climatério, etc.)”.
O autor explica que IDENTIDADE é a consciência que o
indivíduo tem de si mesmo com um “ser no mundo”. Para ele, a
identidade é o conhecimento por parte de cada indivíduo da condição de
ser uma unidade pessoal ou entidade separada e distinta dos outros,
permitindo-lhe reconhecer-se o mesmo a cada instante de sua evolução
ontológica e correspondendo, no plano social, à resultante de todas as
identificações prévias feitas até o momento considerado.
Do ponto de vista psicológico considera-se que a tarefa
básica da adolescência é a aquisição desse sentimento
de identidade pessoal. Por isso, diz-se que a crise
evolutiva do processo adolescente é, sobretudo, uma
crise de identidade”.
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O adolescente, via de regra, experimenta uma série de eventos
psicológicos que culminam naquilo que denominamos de aquisição de sua
identidade sexual.
Osório (1989) salienta que o adolescente tem uma representação
mental do seu corpo, portanto idealizada e que nem sempre corresponde à
sua imagem corporal. O autor afirma ainda que o conflito esteja na
imagem “fantasiada”, portanto idealizada, e a imagem “real” que o
adolescente tem do seu corpo em transformação. Ele acredita ser essa a
raiz das ansiedades do adolescente com respeito a seus atributos físicos e
a desejada capacidade de atrair o sexo oposto, isto é, a vertente somática
de seus conflitos na esfera sexual.
São vários os dilemas vividos pelo adolescente no mundo
contemporâneo. Passando pelas dúvidas e perplexidades existenciais, suas
angústias frente à necessidade de propor-se um projeto de vida pessoal e
profissional, sua desesperança frente à impossibilidade de
reasseguramento através do futuro predizível, os dilemas vocacionais e
sexuais. Diante de tais decisões, o adolescente sente-se perdido e
desorientado em lidar com inúmeras mudanças e cobranças sociais.
Na questão afetiva o adolescente também apresenta dificuldades
em lidar com os sentimentos, principalmente quando a energia é
canalizada para o sexo oposto, segundo o cronista Arnaldo Jabor (2005),
em seu texto “Ser ou não ser de ninguém?”, afirma que é possível
aprender amar se relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e
sensações.
Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram
passados. Somos livres para optarmos. E ser livre não
é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem,
ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É
arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É
doar e receber, é estar disponível de alma, para que as
surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar
momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo
das coisas ruins. Ser de todo mundo, não ser de
ninguém, é o mesmo que não ter ninguém também... É
não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao
fracasso emocional e a tão temida solidão.
Diante do exposto é possível afirmar que o comportamento do
jovem reflete a inabilidade das famílias em tratar as mudanças biológicas
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e naturais que ocorrem no organismo do adolescente nessa fase da vida,
bem como a pressão que o mesmo sofre por parte da sociedade.
Para isso temos que pensar como o jovem pode construir seu
futuro numa sociedade em que as pessoas divergem em vários aspectos e
chegam ao extremo de não assegurar sua própria sobrevivência.
PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS
A partir da informação de que deveríamos realizar um trabalho
de pesquisa, como cumprimento da disciplina de Psicologia do
Desenvolvimento II do curso de Psicologia da Faculdade UNINGÁ, que
poderíamos optar entre infância, adolescência, maturidade, morte e
velhice, começamos a refletir e chegamos a conclusão que seria
interessante investigar algo referente ao universo dos adolescentes.
Para isso escolhemos o local de estágio e a turma que
gostaríamos de investigar. Em seguida começamos o trabalho: definimos
qual seria o tema, os objetivos e os procedimentos que adotaríamos para
iniciarmos de fato o trabalho.
A primeira etapa foi entrarmos em contato com a coordenadora
da escola e pedirmos autorização e consentimento para a realização do
trabalho. Em seguida conversamos com os 68 alunos (sendo 34 meninos e
34 meninas, ambos os sexos com idade aproximada entre 12 e 13 anos)
das turmas escolhidas (7ª séries 1 e 2) para explicarmos em que consistia
o trabalho.
Outro momento do trabalho foi o contato com o setor de
Recursos Humanos da escola a fim de obtermos informações para a
caracterização do local de estágio.
O trabalho envolveu os seguintes passos: o registro no quadronegro,
discussão dos temas: “O adolescente, o ‘ficar’ e a família”;
Aplicação do questionário composto por oito questões elaboradas pela
pesquisadora (acadêmica do curso de Psicologia) acerca do tema; a leitura
e discussão do texto “Namorar ou Ficar?”, publicado na Revista Atrevida
(1994); uma enquête no quadro-negro com a pergunta Namorar ou Ficar?
E por fim, a leitura e interpretação do texto “Ser ou não ser de ninguém?”,
de Arnaldo Jabor (2005) e produção textual.
Foram necessárias três aulas em cada turma da 7ª série para a
realização do trabalho com os alunos. Na primeira aula exploramos o
tema “O adolescente, o ‘ficar’ e a família”. Os alunos se manifestaram de
modo espontâneo, deram depoimentos e opiniões. Em seguida, aplicamos
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o questionário. Cada aluno foi orientado a responder individualmente,
sem a interferência do colega.
Na segunda aula entregamos para cada aluno uma cópia do texto
“Namorar ou Ficar?”. Um aluno leu em voz alta a opinião do SIM e outro
aluno leu a opinião do NÃO. Conversamos sobre a opinião daqueles
adolescentes que escreveram para a revista há mais de 10 anos em
confronto com a opinião deles, que fazem parte de outra geração.
Numa terceira aula foi feita a leitura do texto “Ser ou não ser de
ninguém”, de Arnaldo Jabor (2005), e a interpretação do texto. Após essa
etapa registramos novamente no quadro-negro o tema trabalhado e
solicitamos a produção de um texto argumentativo. Os alunos receberam
uma folha de bloco do colégio para a produção do texto, que deveria ter
no mínimo vinte linhas. Esta atividade foi realizada em uma hora/aula.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com o questionário, os alunos revelaram os seguintes
resultados em relação às questões elaboradas.
Na questão 1- “Ficar” é..., 29,41% dos alunos assinalaram que é
ruim; 30,88% assinalaram que é bom; 44,11% assinalaram que é ótimo; e
22,05% assinalaram que é indispensável.
Na questão 2- “Ficar” significa ficar com a mesma pessoa:
33,82% marcaram uma vez; 4,41% marcaram duas vezes; 2,94%
marcaram três vezes; e 58,82% marcaram que a quantidade de vezes é
indiferente.
Na questão 3- “Ficar” com pessoas diferentes numa mesma
noite é: 42,64% dos alunos disseram que é normal; 1,47% que é certo;
54,41 que é errado.
As três primeiras questões revelam o que já foi expresso pelo
cronista Arnaldo Jabor em seu texto “Ser ou não ser de ninguém?” e
também pelo autor Rassial (1997).
“Ficar também é coisa do passado. A palavra de
ordem agora é “namorix”. A pessoa pode ter um, dois,
e até três namorix ao mesmo tempo. Dificilmente está
apaixonado pelo seu namorix, mas gosta da
companhia do outro e de manter a ilusão de que não
está sozinho.” (JABOR, 2005)
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“O estado amoroso tal qual o adolescente prova é um
estado que vale não somente pela sua instabilidade,
mas também pela sua abertura sobre a verdade.”
(RASSIAL, 1997)
Na questão 4 - O emocionante é: 50% assinalaram que o
emocionante é “ficar” escondido; 8,82% que “ficar” na frente dos outros;
e 44,11% mostraram-se indiferente quanto ao modo de como ficam ou
onde ficam.
Na questão 5 - Contar para os pais sobre as “ficadas” é: 27,9%
dos alunos disseram que é importante; 10,29% disseram ser fundamental;
55,88% disseram que é dispensável; e 5,88% que é indispensável
comunicar as “ficadas” aos pais.
O resultado da questão cinco, respondida pelos alunos em
questão, segundo Corso e Corso (1997),
“A adolescência é o momento de ruptura com a
posição, própria da infância, de ser uma possessão dos
pais.”
Desse modo, podemos dizer que a existência desse momento de
ruptura leva o adolescente a acreditar que não faz sentido contar sobre
suas “ficadas” para os pais, afinal, agora, ele passa a ser o responsável
pelos seus atos.
Na questão 6 - Em relação ao “ficar”, os pais costumam: 10,29%
revelaram que os pais incentivam; 64,70% disseram que os pais orientam;
10,29% disseram que os pais recriminam; e 14,70% dos alunos disseram
que os pais reprimem. De acordo com Corso e Corso (1997), “os pais
costumam ter duas saídas, a retrógrada e a moderninha: na primeira,
decretam seu permanente estado de horror, excluindo-se da cena; na
segunda, retroagem à própria posição de adolescentes, sendo mais avant
garde que os próprios, dando camisinhas a assustados púberes que
conhecem tão bem seus corpos e os do seu oposto”.
Na questão 7 - Depois de “ficar”, a sensação que fica é: 54,41%
dos alunos assinalaram que á a sensação de prazer; 42,64% a sensação de
euforia; 0% assinalou a sensação de tristeza; e 2,94% a sensação de
frustração.
Na questão 8 - “Ficar” é: 50% dos alunos disseram que é pura
curtição; 45,58% disseram que é possibilidade de namoro; e 4,41%
disseram que é passa tempo.
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As respostas dos alunos às questões sete e oito vêm de encontro
com o que diz a autora Pereira (1997), em seu texto “Essa Metamorfose
Ambulante”. Segundo a autora, com a irrupção da puberdade, dos
imperativos do corpo e da sexualidade, o adolescente vai ver-se às voltas
com a difícil tarefa de ter que dominar essa espécie de vulcão e, ainda por
cima, vir a se posicionar sexuadamente.
Em relação à enquête “Ficar ou Namorar?”, realizada na aula e
devidamente registrada no quadro-negro, os alunos revelaram a seguinte
opinião: 52,94% dos alunos disseram que o melhor é namorar, e 47,05%
dos alunos disseram que o melhor é ficar. Isso mostra que, apesar dos
tempos serem outros, os adolescentes de hoje, assim como os de 11 anos
atrás, preferem namorar.
O dado estatístico mudou, é verdade, mas a essência não, como
revela os dados comparativos da pesquisa atual mostrada anteriormente e
os dados do texto publicado na revista Atrevida, em outubro de 1994, que
mostra um índice diferente: 72,8% dos entrevistados disseram SIM ao
namoro, e 27,2% dos entrevistados disseram NÃO.
Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É
cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só
para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao
cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém
para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma
mão para enxugar as lágrimas, enfim, é ter alguém
para amar (JABOR, 2005).
A partir da análise dos textos produzidos pelos alunos das 7ª
séries 1 e 2, podemos observar que, de um modo geral, as meninas, apesar
de defenderem o “ficar” na idade delas, por serem jovens demais, deixam
nas entrelinhas que o ideal é o namoro, é o compromisso.
Os adolescentes, quando gostam da pessoa de
verdade, querem assumir e começar o namoro. [...]
Mas vamos concordar que é muito legal sair com uma
mesma pessoa (R. C., 7ª 1).
[...] ficar com um menino pelo qual você é apaixonada
e saber que a sua paixão é correspondida é quase um
namoro sim. Talvez não usamos a palavra namoro por
puro medo e também, é claro, porque para muitos
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ficar não envolve o mínimo compromisso e, pior
ainda, a mínima amizade (I. G. B., menina, 7ª 2).
O namoro pode ser bom porque ele envolve muito
mais sentimento e cumplicidade, mas, em minha
opinião, é melhor namorar do que apenas ficar,
dependendo da pessoa com quem você vai se
relacionar (M. A., menina, 7ª 2).
Os meninos, a grande maioria, acham que namorar não é o
melhor, exatamente porque significa compromisso, “pegação no pé”, mas,
assim como as meninas, eles concordam que o namoro é importante e
bom porque significa não estarem sozinhos.
[...] não é bom o jovem ficar sozinho, a companhia de
alguém confiável é um bom modo de evoluir
mentalmente, de amadurecer e trocar idéias, por isso o
melhor a ser feito é ter um relacionamento como
namorados [...] (P. C. V., 7ª 2).
O namoro é melhor do que ficar, pois você fica
sempre junto, troca confidências e te ensina a ter
responsabilidade e ser um jovem responsável no
futuro (P. H. D., 7ª 1).
Devemos ficar, sim, mas namorar e ter alguém é
melhor ainda, mesmo que “ficar” seja tão bom (L. A.
C., menino, 7ª 2).
Em relação à opinião dos adolescentes em contar ou não para os
pais sobre as “ficadas”, muitos disseram não contar por sentir medo,
porém, a maioria concorda que o correto é levar o assunto ao
conhecimento dos pais, e ainda argumentam que os pais não deveriam
brigar e sim orientá-los para tal situação.
Alguns adolescentes até contam para os pais, só que a
maioria “fica” escondido porque ficar não é
importante, preferem contar para os pais somente
quando começarem a namorar (B. R. S. M., 7ª 1).
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Há muitas maneiras de se ver o ficar, e os pais devem
aprender a enxergar o que significa o ficar para seu
filho (A. C. S. C., menina, 7ª 1).
A relação com a família é muito importante nesse
assunto, muitos pais não sabem que seus filhos já
beijaram na boca. O que impede os adolescentes de
contar? Medo, talvez. [...] (L. C. S., menina, 7ª 1).
CONCLUSÃO
Ao trabalhar o tema “O adolescente, o “ficar” e a família” foi
possível percebermos como é a relação que o adolescente de classe média
alta, com estudos e informações, estabelece entre o “ficar” e a sua família.
Devido à natureza de informações verificamos que, apesar de
pertencerem a famílias esclarecidas, os alunos demonstram-se inseguros e
com medo de abordar tal assunto com seus familiares, principalmente
com os pais.
Na verdade, no que diz respeito à participação dos pais dentro
desse contexto, percebemos, na produção textual dos alunos que tal
prática é inexistente. Os adolescentes não abordam tais assuntos com os
pais porque temem a repressão. Muitos disseram que não se sentem a
vontade para falar sobre suas intimidades com os pais, por receio, medo e
até mesmo por vergonha.
Outro fato importante foi verificarmos que tanto os meninos
quanto as meninas pensam do mesmo modo em relação ao “ficar”.
Acham que é pura curtição, que não importa a quantidade de vezes que
“ficam” com a mesma pessoa. Os critérios são os mesmos para ambos os
sexos: “ficar” é beijar na boca quando estiver com vontade; não ter que
dar satisfações; não assumir compromissos; não telefonar no dia seguinte,
entre outros.
Diante do exposto podemos dizer que os alunos, assim como os
autores estudados, têm algumas preocupações em comum.
[...] é preciso que o adulto que esteja engajado nos lugares de
transmissão possa, ele também, manter algumas significações na vida
que sejam diferentes dos modelos massificados de gozo que prometem a
adequação impossível à imagem do ideal. [...] (PEREIRA, 1997)
Na prática, a maioria dos adolescentes argumenta que “ficar” é
melhor porque não requer responsabilidades nem compromissos e inspira
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liberdade, porém, o que fica subentendido em seus escritos, na verdade, é
o desejo de namorar e de assumir um compromisso.
REFERÊNCIAS
ABERASTURY, A. Adolescência normal: um enfoque psicanalítico. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1982.
CORSO, M.; CORSO, D. Game Over. In: ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA DE
PORTO ALEGRE. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1997.
FERREIRA, A.B.H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1986.
JABOR, A. Ser ou não ser de ninguém? Disponível em
http://rascunhos.llt.com.br/2005/01/crnica-de-arnaldo-jabor.html. Acessado em
17/02/2007
MELMAN, C. Os Adolescentes estão sempre confrontados ao Minotauro. In:
ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre: Artes e
Ofícios, 1997.
OSÓRIO, L.C. Adolescente hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
PEREIRA, L.S. Essa metamorfose ambulante. In: ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA
DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1997.
RASSIAL, J.J. A adolescência como conceito da teoria psicanalítica. In:
ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre: Artes e
Ofícios, 1997.
Enviado em: junho de 2007.
Revisado e Aceito: julho de 2007.