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quarta-feira, 31 de março de 2010

O adolescente, o “ficar” e a família

_______________________________ARTIGO INÉDITO ________________________________
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Revista UNINGÁ, Maringá – PR, n.13, p.65-80, jul./set. 2007
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O adolescente, o “ficar” e a família
The teenager, the "making out" and the family
PATRÍCIA FREITAS¹
ADRIANE GISBERT MARANHO2
RESUMO: Convivendo com adolescente no dia-a-dia é notório e curioso
seu comportamento diante das novidades acerca dos relacionamentos
‘amorosos’. O despojamento e a naturalidade com que eles tratam o
assunto é digno de uma investigação mais detalhada. Partindo das
premissas citadas acima buscamos evidenciar como ocorre atualmente a
relação dos adolescentes com o “ficar” – palavra usada por eles para
definir envolvimento sem compromisso -, e qual é a relação da família
diante dessa temática. Para isso, foram feitas observações, diálogo
informal, aplicação de questionário e produção de textos que abarcam o
tema em questão, sendo estudantes da 7ª série de uma escola particular na
cidade de Maringá – PR. Por intermédio desta pesquisa pretendemos
desvendar as diferentes opiniões dos meninos e meninas em relação ao
namoro e ao “ficar”.
Palavras-chave: Adolescente. “Ficar”. Família.
ABSTRACT: If you deal daily with teenagers, you can notice how
curious their behaviors are when they are related to their love
relationships. The spontaneity and naturalness they present when they
confront the matter deserves to be observed and studied. Considering the
premises above, we intend to show how teenagers are connected to the
short-term relationships called "making out" – expression used by them to
define a relationship with little involvement and no commitment -, as well
as what role the family plays facing that theme. For that, were counted on
observations, informal chats, questionnaires and texts that are related to
_______________________________________
1Professora Mestre Faculdade Ingá – UNINGÁ – Rua Pioneiro Mucio Rodrigues,
1237B, Jd. Brasil, Cep 87005-190, Maringá-PR, e-mail: uninga@uninga.br
2 Acadêmica do Curso de Psicologia Faculdade Ingá – UNINGÁ.
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our main subject. All this material was supplied by students of the 7th year
of a private school from Maringá – PR. This paper aims to unmask the
different opinions of boys and girls regarding the relationships between
boys and girls who "date" and the one of boys and girls who "make out".
Key-words: Teenager. "Making out". Family.
INTRODUÇÃO
De acordo com Aberastury (1982), o termo adolescência
significa em latim (ad: a, para a + olescere: forma incoativa de olere,
crescer) significa a condição ou o processo de crescimento. O termo se
aplica especificamente ao período da vida compreendido entre a
puberdade e o desenvolvimento completo do corpo, cujos limites se
fixam, geralmente entre os 13 e os 23 anos.
Na definição do Novo Dicionário Aurélio (FERREIRA, 1986), a
palavra adolescência quer dizer (Do lat. Adolescentia.) S.f. 1. O período
da vida humana que sucede à infância começa com a puberdade, e se
caracteriza por uma série de mudanças corporais e psicológicas (estendese
aproximadamente dos 12 aos 20 anos). 2. Psicol. Período que se
estende da terceira infância até a idade adulta, marcado por intensos
processos conflituosos e persistentes esforços de auto-afirmação.
Corresponde à fase de absorção dos valores sociais e elaboração de
projetos que impliquem plena integração social.
Na concepção de Melman (1997), “[...] a adolescência
representa, na nossa cultura, o que se chama de crise psíquica.” Essa crise
ocorre devido às inúmeras transformações biológicas e psíquicas
decorrentes dessa fase. Para o autor, crise psíquica corresponde ao
momento em que um sujeito não encontra o lugar de seu gozo, ou seja,
não apresenta ainda o que caracteriza o adulto: o hábito e a repetição.
[...] a adolescência é esse momento em que o que até
aqui, enquanto criança, funcionava no registro da
privação, bruscamente, vai lhe dar acesso a esse
campo infinitamente mais complexo que é o da
castração. Trata-se do fato de que não basta ter esse
instrumento para possuir seu exercício, mas que o
processo do acesso à sexualidade faz-se de maneira
muito mais complexa.
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Segundo o autor citado acima, o que é impressionante é a
discordância que nossa cultura mantém entre ponto de vista biológico,
subjetivo e social. Para ele, do ponto de vista biológico é evidente que o
adolescente está maduro e, portanto, às voltas com desejos sexuais. Ele
aponta também a discordância em relação ao estatuto biológico e o
estatuto social. O primeiro mostra a manifestação sexual na adolescência,
o segundo diz ser o adolescente, juridicamente, incapaz para o ato sexual.
A outra discordância apontada pelo autor é subjetividade, o exato
momento em que o adolescente descobre o corpo, um corpo que faz suas
exigências. Não podendo contar com ninguém, o adolescente e, diante da
discordância entre o que seu corpo “fala”, o que o estatuto social prega e
o que sua subjetividade aponta, ao adolescente o ato que, segundo Lacan
“não há nada a esperar de ninguém e que é preciso se virar sozinho”.
O autor defende a idéia de que o adolescente deve ter o mesmo
direito a ingressar no mundo adulto ao mesmo tempo em que na vida
sexual. No entanto, o traço maior de nossa cultura é deixar ao sujeito, a
responsabilidade de sua implicação na vida sexual, deixando-o muitas
vezes ir de encontro às reações familiares e sociais que podem querer se
opor.
Melman (1997) relaciona o adolescente ao Minotauro (deus
meio-humano, meio-animal), um deus que devora os jovens – o deus da
castração.
Rassial (1997) diz que a adolescência começa a partir de uma
transformação fisiológica e termina por uma transformação sociológica: a
entrada na vida social. A psicologia tradicional costumava dizer que a
adolescência era um período de acomodação, de arranjo do ego, a partir
de causas externas ao psiquismo.
Segundo o autor, do ponto de vista psicanalítico,
a adolescência é uma operação de um peso tal em que
a estrutura subjetiva, além da imagem do eu, é
colocada em causa por seu efeito e por sua ausência; e
se uma tal operação é concebível, ela trará
conseqüências para a clinica e para a pratica da cura.
Não é porque o eu é imaginário que as modificações
dele são em conseqüências simbólicas.
Corso e Corso (1997) comparam o fim da infância ao game
over, ou seja, acabou, chegou ao fim o “controle”. “É uma sensação de
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que o tempo que os pais tinham para educar seus filhos acabou. Os
controles não funcionam mais, não respondem”.
Ainda de acordo com os autores citados acima, mais do que
partilhar do alarmante que pode ser determinadas vivências adolescentes,
os perigos, as irresponsabilidades etc., pensamos que há nesse modo de
ver uma postura bastante preconceituosa por parte dos ditos adultos. “A
adolescência é o momento de ruptura com a posição, própria da infância,
de ser uma possessão dos pais”. Na verdade os pais apresentam inúmeras
dificuldades de ver que seu filho cresceu, se tornou um ser adulto e que é
um momento de assumir uma nova postura enquanto pai e mãe.
Os autores mencionam que um cordão umbilical ainda faz trocas
subjetivas entre o inconsciente de pais e filhos. Segundo eles, a
adolescência tem como premissa o corte desse cordão, ou seja, uma
distância se consolida. Conforme Corso e Corso (1997)
Pais e adultos, em geral, pouco podem elaborar sobre
adolescência: a se portar como se fossem ainda
adolescentes ou negam o fenômeno revelando essa
incapacidade de compreender de que falávamos.
Torna-se óbvio, então, pensar que a impossibilidade
de saber sobre a adolescência advém da
impossibilidade de saber sobre a sua adolescência”.
Para eles, ao estudar a adolescência, constatamos que não é
preciso esperar a morte real dos pais para que se opere algo dessa ordem.
E dizem mais: a operação própria da adolescência é a agonia e morte dos
pais reais enquanto suporte do ideal. A desidealização dos pais, sua
conseqüente queda da posição de amantes, amados e alicerces, deixa o
sujeito frente aos seus pais reais, que obviamente ainda estão por ali,
numa posição de estranhamento.
[...] O desencanto é mútuo, os corpos ardentes, o
fantasma da separação ronda a relação, mas o
divorcio, longe de ser eminente realidade, é uma
sombra. Na verdade, o processo continua, o
adolescente ainda não é adulto, os pais ainda não
estão velhos, seguindo com o game insert coins.
Salientam através da teoria de Freud que o adolescente pode ser
definido do seguinte modo: “[...] inquietante estranheza, estranho,
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sinistro, são as formas mais habituais de dar conta de um significante
que, de fato, não tem nenhuma correspondência em português”. O novo
comportamento apresentado pelo adolescente, segundo os autores, causa
o estranhamento e abre as portas para a agressividade.
É preciso lembrar que, quando chega a adolescência, a infância
acabou. O sujeito é parido subjetivamente da família: é expulso do corpo
sintomático em cujo ventre se formou.
É francamente observável que o olhar crítico, fruto da nova
distância daquele que se torna um outro indivíduo, não mais parte
integrante do ser dos pais, aponta as fragilidades dos adultos enquanto
possíveis modelos identificatórios. Aqui, de acordo com os autores,
caímos noutra questão: a da relação dos adultos enquanto pais com a
tradição em que estão submersos, a qual, reconhecida ou não, constitui o
substrato simbólico que os faz ser o que são.
A própria família nuclear baseada na livre escolha
amorosa traz já em seu cerne o seu próprio ponto de
ruptura, pois se baseada na livre escolha deve
trabalhar no sentido de liberar a criança de si mesma.
“A criança deve ter sua história individual,
independente das origens sociais e culturais de seus
pais.” (CORSO; CORSO, 1997)
Os pais, hoje, julgam-se em profunda falta relativa aos pais que
deveriam ser, e tudo o que fazem visa compensar os filhos pelos pais que
eles “não tem”.
Nessa relação pais e filhos, segundo Corso e Corso (1997), os
pais costumam ter duas saídas, a retrógrada e a moderninha: na primeira,
decretam seu permanente estado de horror, excluindo-se da cena; na
segunda, retroagem à própria posição de adolescentes, dando camisinhas
a assustados púberes que conhecem tão bem seus corpos e os do seu
oposto.
De acordo com Pereira (1997) é bem visível para todos nós o
amor das crianças pelos pais e pelos educadores: eles têm um saber. Mas
é notável a posição ambivalente, oscilante, entre o amor e o ódio que
temos, neuroticamente, em relação ao ensino e à educação.
Para essa autora, tanto a castração quanto a educação são
caminhos subjetivos a serem percorridos por cada criança, processos
através dos quais se podem esperar que cada um chegue a achar um lugar
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no mundo dos adultos. Sofrem processos de transformações, de
metamorfose.
Quando uma criança entra no processo da
adolescência, coloca em questão, de forma radical, a
sua identidade e ainda mais: reinterroga também a
identidade dos pais, a do casal, e, de forma ampla,
todo o laço social (PEREIRA, 1997).
A autora ainda salienta que:
Em termos de educação, a escola constitui um ponto
nodal na nossa sociedade. É onde se dá a passagem
família (âmbito das trocas privadas) para a
coletividade, encontro e muitas vezes confronto do
projeto familiar e do projeto social. O lugar que cada
um virá a ocupar como adulto, no percurso aí
realizado. Neste, a posição de adolescente se
diferencia, e muito, daquela da infância.
Com a irrupção da puberdade, dos imperativos do corpo e da
sexualidade, o adolescente vai ver-se às voltas com a difícil tarefa de ter
que dominar essa espécie de vulcão e, ainda por cima, vir a se posicionar
sexuadamente. “Ele vai descobrir que a satisfação relativamente à qual ele
é agora autorizado, a satisfação genital. É também uma satisfação parcial,
não garante nenhum gozo total”.
A autora afirma que é inevitável que o adolescente se depare
também com o fato de que a sociedade que o esperam o exercício da vida
adulta é organizada sintomaticamente, é cheia de falhas e contradições.
Diante disso, o adolescente é um bom denunciante, tudo o que ele quer é
não ser “contaminado”, não ter a ver com essa castração que organiza
nossas relações.
Mas para assumir o mundo em que se está com
responsabilidade, indo um pouco além do lugar da metamorfose
ambulante do adolescente, é preciso que o adulto que esteja engajado nos
lugares de transmissão possa, ele também, manter algumas significações
na vida que sejam diferentes dos modelos massificados de gozo que
prometem a adequação impossível à imagem do ideal. “[...] não estar
totalmente mergulhado num imperativo de gozo que o faça esquecer isso
com que o adolescente se encontra essa verdade fundamental: que no
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Outro há essa falta que nenhum saber pode vir a completar” (PEREIRA,
1997).
Numa outra abordagem Aberastury (1992) comenta que as
mudanças psicológicas que se produzem na adolescência levam a uma
nova relação com os pais e com o mundo. Isto só é possível quando se
elabora, lenta e dolorosamente, o luto pelo corpo de criança, pela
identidade infantil e pela relação com os pais da infância. “Só quando o
adolescente é capaz de aceitar, simultaneamente, seus aspectos de
criança e de adulto pode começar a aceitar em forma flutuante as
mudanças do seu corpo e começa a surgir a sua nova identidade”. De
acordo com a autora, esse longo processo de busca de identidade ocupa
grande parte da sua energia é a conseqüência da perda da identidade
infantil que se produz quando começam as mudanças corporais.
Por outro lado, conforme destaca Aberastury (1992), os pais
também vivem os lutos pelos filhos, ou seja, eles também precisam fazer
o luto pelo corpo do filho pequeno, pela sua identidade de criança e pela
sua relação de dependência infantil. A situação agora é diferente. Os pais
são julgados pelos filhos, e a rebeldia e o enfrentamento são mais
dolorosos se o adulto não tem consciente os seus problemas frente ao
adolescente.
O adulto se agarra a seu mundo de valores que, com
triste freqüência, é o produto de um fracasso interno e
de um refúgio em conquistas típicas de nossa
sociedade alienada. O adolescente defende os seus
valores e despreza os que o adulto quer lhe impor;
ainda mais sente-os como uma armadilha da qual
precisa escapar.
Aberastury (1992) afirma que são três as exigências básicas de
liberdade que apresenta o adolescente de ambos os sexos a seus pais: a
liberdade nas saídas e horários, a liberdade de defender uma ideologia e a
liberdade de viver um amor ou um trabalho.
Se estas exigências não forem bem trabalhadas, ou seja, se os
pais partirem do ponto de que a necessidade de liberdade do filho deve
acontecer segundo o seu controle, o risco de conflito é grande. Segundo a
autora, “o adolescente precoce, a criança em torno dos dez anos, sente
uma grande necessidade de ser respeitada na sua busca desesperada de
identidade, de ideologia, de vocação e de objetos de amor”. Caso isso não
ocorra, será muito difícil que no momento da adolescência haja uma
compreensão e diálogo entre os pais e os filhos.
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Por ouro lado, além da dificuldade de relacionamento entre pais
e filhos, percebe-se também a dificuldade de relacionamento do
adolescente com o mundo externo, uma vez que as mudanças de seu
corpo pedem uma mudança de papel frente ao mundo exterior, e o mundo
exterior exige-lhe se ele não o assume. “Esta exigência do mundo
exterior é vivida como uma invasão a sua própria personalidade”.
Aberastury (1992) ressalta também que mesmo que o
adolescente não queira, é exigido como se fosse um adulto, e essa
exigência do mundo exterior geralmente o conduz – como defesa – a
manter-se nas suas atitudes infantis.
Na concepção de Osório (1989), a adolescência é uma etapa
evolutiva peculiar ao ser humano, pois nela culmina todo o processo
maturativo biopsicossocial do indivíduo. [...] “a adolescência vem sendo
considerada o momento crucial do desenvolvimento do indivíduo, aquele
que marca não só a aquisição da imagem corporal definitiva como
também a estruturação final da personalidade”.
O autor defende o ponto de vista de que o perfil básico do
adolescente é delineado por mecanismos psicossociais: crise e identidade.
Segundo Osório (1989), devemos conceber a palavra CRISE
como ato ou faculdade de escolher, decidir e/ou resolver algo. “A
adolescência é uma crise vital como são tantas outras ao longo da
evolução do indivíduo (o desmame, o início da socialização ao término
da 1ª infância, o climatério, etc.)”.
O autor explica que IDENTIDADE é a consciência que o
indivíduo tem de si mesmo com um “ser no mundo”. Para ele, a
identidade é o conhecimento por parte de cada indivíduo da condição de
ser uma unidade pessoal ou entidade separada e distinta dos outros,
permitindo-lhe reconhecer-se o mesmo a cada instante de sua evolução
ontológica e correspondendo, no plano social, à resultante de todas as
identificações prévias feitas até o momento considerado.
Do ponto de vista psicológico considera-se que a tarefa
básica da adolescência é a aquisição desse sentimento
de identidade pessoal. Por isso, diz-se que a crise
evolutiva do processo adolescente é, sobretudo, uma
crise de identidade”.
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O adolescente, via de regra, experimenta uma série de eventos
psicológicos que culminam naquilo que denominamos de aquisição de sua
identidade sexual.
Osório (1989) salienta que o adolescente tem uma representação
mental do seu corpo, portanto idealizada e que nem sempre corresponde à
sua imagem corporal. O autor afirma ainda que o conflito esteja na
imagem “fantasiada”, portanto idealizada, e a imagem “real” que o
adolescente tem do seu corpo em transformação. Ele acredita ser essa a
raiz das ansiedades do adolescente com respeito a seus atributos físicos e
a desejada capacidade de atrair o sexo oposto, isto é, a vertente somática
de seus conflitos na esfera sexual.
São vários os dilemas vividos pelo adolescente no mundo
contemporâneo. Passando pelas dúvidas e perplexidades existenciais, suas
angústias frente à necessidade de propor-se um projeto de vida pessoal e
profissional, sua desesperança frente à impossibilidade de
reasseguramento através do futuro predizível, os dilemas vocacionais e
sexuais. Diante de tais decisões, o adolescente sente-se perdido e
desorientado em lidar com inúmeras mudanças e cobranças sociais.
Na questão afetiva o adolescente também apresenta dificuldades
em lidar com os sentimentos, principalmente quando a energia é
canalizada para o sexo oposto, segundo o cronista Arnaldo Jabor (2005),
em seu texto “Ser ou não ser de ninguém?”, afirma que é possível
aprender amar se relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e
sensações.
Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram
passados. Somos livres para optarmos. E ser livre não
é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem,
ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É
arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É
doar e receber, é estar disponível de alma, para que as
surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar
momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo
das coisas ruins. Ser de todo mundo, não ser de
ninguém, é o mesmo que não ter ninguém também... É
não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao
fracasso emocional e a tão temida solidão.
Diante do exposto é possível afirmar que o comportamento do
jovem reflete a inabilidade das famílias em tratar as mudanças biológicas
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e naturais que ocorrem no organismo do adolescente nessa fase da vida,
bem como a pressão que o mesmo sofre por parte da sociedade.
Para isso temos que pensar como o jovem pode construir seu
futuro numa sociedade em que as pessoas divergem em vários aspectos e
chegam ao extremo de não assegurar sua própria sobrevivência.
PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS
A partir da informação de que deveríamos realizar um trabalho
de pesquisa, como cumprimento da disciplina de Psicologia do
Desenvolvimento II do curso de Psicologia da Faculdade UNINGÁ, que
poderíamos optar entre infância, adolescência, maturidade, morte e
velhice, começamos a refletir e chegamos a conclusão que seria
interessante investigar algo referente ao universo dos adolescentes.
Para isso escolhemos o local de estágio e a turma que
gostaríamos de investigar. Em seguida começamos o trabalho: definimos
qual seria o tema, os objetivos e os procedimentos que adotaríamos para
iniciarmos de fato o trabalho.
A primeira etapa foi entrarmos em contato com a coordenadora
da escola e pedirmos autorização e consentimento para a realização do
trabalho. Em seguida conversamos com os 68 alunos (sendo 34 meninos e
34 meninas, ambos os sexos com idade aproximada entre 12 e 13 anos)
das turmas escolhidas (7ª séries 1 e 2) para explicarmos em que consistia
o trabalho.
Outro momento do trabalho foi o contato com o setor de
Recursos Humanos da escola a fim de obtermos informações para a
caracterização do local de estágio.
O trabalho envolveu os seguintes passos: o registro no quadronegro,
discussão dos temas: “O adolescente, o ‘ficar’ e a família”;
Aplicação do questionário composto por oito questões elaboradas pela
pesquisadora (acadêmica do curso de Psicologia) acerca do tema; a leitura
e discussão do texto “Namorar ou Ficar?”, publicado na Revista Atrevida
(1994); uma enquête no quadro-negro com a pergunta Namorar ou Ficar?
E por fim, a leitura e interpretação do texto “Ser ou não ser de ninguém?”,
de Arnaldo Jabor (2005) e produção textual.
Foram necessárias três aulas em cada turma da 7ª série para a
realização do trabalho com os alunos. Na primeira aula exploramos o
tema “O adolescente, o ‘ficar’ e a família”. Os alunos se manifestaram de
modo espontâneo, deram depoimentos e opiniões. Em seguida, aplicamos
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o questionário. Cada aluno foi orientado a responder individualmente,
sem a interferência do colega.
Na segunda aula entregamos para cada aluno uma cópia do texto
“Namorar ou Ficar?”. Um aluno leu em voz alta a opinião do SIM e outro
aluno leu a opinião do NÃO. Conversamos sobre a opinião daqueles
adolescentes que escreveram para a revista há mais de 10 anos em
confronto com a opinião deles, que fazem parte de outra geração.
Numa terceira aula foi feita a leitura do texto “Ser ou não ser de
ninguém”, de Arnaldo Jabor (2005), e a interpretação do texto. Após essa
etapa registramos novamente no quadro-negro o tema trabalhado e
solicitamos a produção de um texto argumentativo. Os alunos receberam
uma folha de bloco do colégio para a produção do texto, que deveria ter
no mínimo vinte linhas. Esta atividade foi realizada em uma hora/aula.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com o questionário, os alunos revelaram os seguintes
resultados em relação às questões elaboradas.
Na questão 1- “Ficar” é..., 29,41% dos alunos assinalaram que é
ruim; 30,88% assinalaram que é bom; 44,11% assinalaram que é ótimo; e
22,05% assinalaram que é indispensável.
Na questão 2- “Ficar” significa ficar com a mesma pessoa:
33,82% marcaram uma vez; 4,41% marcaram duas vezes; 2,94%
marcaram três vezes; e 58,82% marcaram que a quantidade de vezes é
indiferente.
Na questão 3- “Ficar” com pessoas diferentes numa mesma
noite é: 42,64% dos alunos disseram que é normal; 1,47% que é certo;
54,41 que é errado.
As três primeiras questões revelam o que já foi expresso pelo
cronista Arnaldo Jabor em seu texto “Ser ou não ser de ninguém?” e
também pelo autor Rassial (1997).
“Ficar também é coisa do passado. A palavra de
ordem agora é “namorix”. A pessoa pode ter um, dois,
e até três namorix ao mesmo tempo. Dificilmente está
apaixonado pelo seu namorix, mas gosta da
companhia do outro e de manter a ilusão de que não
está sozinho.” (JABOR, 2005)
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“O estado amoroso tal qual o adolescente prova é um
estado que vale não somente pela sua instabilidade,
mas também pela sua abertura sobre a verdade.”
(RASSIAL, 1997)
Na questão 4 - O emocionante é: 50% assinalaram que o
emocionante é “ficar” escondido; 8,82% que “ficar” na frente dos outros;
e 44,11% mostraram-se indiferente quanto ao modo de como ficam ou
onde ficam.
Na questão 5 - Contar para os pais sobre as “ficadas” é: 27,9%
dos alunos disseram que é importante; 10,29% disseram ser fundamental;
55,88% disseram que é dispensável; e 5,88% que é indispensável
comunicar as “ficadas” aos pais.
O resultado da questão cinco, respondida pelos alunos em
questão, segundo Corso e Corso (1997),
“A adolescência é o momento de ruptura com a
posição, própria da infância, de ser uma possessão dos
pais.”
Desse modo, podemos dizer que a existência desse momento de
ruptura leva o adolescente a acreditar que não faz sentido contar sobre
suas “ficadas” para os pais, afinal, agora, ele passa a ser o responsável
pelos seus atos.
Na questão 6 - Em relação ao “ficar”, os pais costumam: 10,29%
revelaram que os pais incentivam; 64,70% disseram que os pais orientam;
10,29% disseram que os pais recriminam; e 14,70% dos alunos disseram
que os pais reprimem. De acordo com Corso e Corso (1997), “os pais
costumam ter duas saídas, a retrógrada e a moderninha: na primeira,
decretam seu permanente estado de horror, excluindo-se da cena; na
segunda, retroagem à própria posição de adolescentes, sendo mais avant
garde que os próprios, dando camisinhas a assustados púberes que
conhecem tão bem seus corpos e os do seu oposto”.
Na questão 7 - Depois de “ficar”, a sensação que fica é: 54,41%
dos alunos assinalaram que á a sensação de prazer; 42,64% a sensação de
euforia; 0% assinalou a sensação de tristeza; e 2,94% a sensação de
frustração.
Na questão 8 - “Ficar” é: 50% dos alunos disseram que é pura
curtição; 45,58% disseram que é possibilidade de namoro; e 4,41%
disseram que é passa tempo.
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As respostas dos alunos às questões sete e oito vêm de encontro
com o que diz a autora Pereira (1997), em seu texto “Essa Metamorfose
Ambulante”. Segundo a autora, com a irrupção da puberdade, dos
imperativos do corpo e da sexualidade, o adolescente vai ver-se às voltas
com a difícil tarefa de ter que dominar essa espécie de vulcão e, ainda por
cima, vir a se posicionar sexuadamente.
Em relação à enquête “Ficar ou Namorar?”, realizada na aula e
devidamente registrada no quadro-negro, os alunos revelaram a seguinte
opinião: 52,94% dos alunos disseram que o melhor é namorar, e 47,05%
dos alunos disseram que o melhor é ficar. Isso mostra que, apesar dos
tempos serem outros, os adolescentes de hoje, assim como os de 11 anos
atrás, preferem namorar.
O dado estatístico mudou, é verdade, mas a essência não, como
revela os dados comparativos da pesquisa atual mostrada anteriormente e
os dados do texto publicado na revista Atrevida, em outubro de 1994, que
mostra um índice diferente: 72,8% dos entrevistados disseram SIM ao
namoro, e 27,2% dos entrevistados disseram NÃO.
Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É
cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só
para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao
cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém
para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma
mão para enxugar as lágrimas, enfim, é ter alguém
para amar (JABOR, 2005).
A partir da análise dos textos produzidos pelos alunos das 7ª
séries 1 e 2, podemos observar que, de um modo geral, as meninas, apesar
de defenderem o “ficar” na idade delas, por serem jovens demais, deixam
nas entrelinhas que o ideal é o namoro, é o compromisso.
Os adolescentes, quando gostam da pessoa de
verdade, querem assumir e começar o namoro. [...]
Mas vamos concordar que é muito legal sair com uma
mesma pessoa (R. C., 7ª 1).
[...] ficar com um menino pelo qual você é apaixonada
e saber que a sua paixão é correspondida é quase um
namoro sim. Talvez não usamos a palavra namoro por
puro medo e também, é claro, porque para muitos
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ficar não envolve o mínimo compromisso e, pior
ainda, a mínima amizade (I. G. B., menina, 7ª 2).
O namoro pode ser bom porque ele envolve muito
mais sentimento e cumplicidade, mas, em minha
opinião, é melhor namorar do que apenas ficar,
dependendo da pessoa com quem você vai se
relacionar (M. A., menina, 7ª 2).
Os meninos, a grande maioria, acham que namorar não é o
melhor, exatamente porque significa compromisso, “pegação no pé”, mas,
assim como as meninas, eles concordam que o namoro é importante e
bom porque significa não estarem sozinhos.
[...] não é bom o jovem ficar sozinho, a companhia de
alguém confiável é um bom modo de evoluir
mentalmente, de amadurecer e trocar idéias, por isso o
melhor a ser feito é ter um relacionamento como
namorados [...] (P. C. V., 7ª 2).
O namoro é melhor do que ficar, pois você fica
sempre junto, troca confidências e te ensina a ter
responsabilidade e ser um jovem responsável no
futuro (P. H. D., 7ª 1).
Devemos ficar, sim, mas namorar e ter alguém é
melhor ainda, mesmo que “ficar” seja tão bom (L. A.
C., menino, 7ª 2).
Em relação à opinião dos adolescentes em contar ou não para os
pais sobre as “ficadas”, muitos disseram não contar por sentir medo,
porém, a maioria concorda que o correto é levar o assunto ao
conhecimento dos pais, e ainda argumentam que os pais não deveriam
brigar e sim orientá-los para tal situação.
Alguns adolescentes até contam para os pais, só que a
maioria “fica” escondido porque ficar não é
importante, preferem contar para os pais somente
quando começarem a namorar (B. R. S. M., 7ª 1).
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Há muitas maneiras de se ver o ficar, e os pais devem
aprender a enxergar o que significa o ficar para seu
filho (A. C. S. C., menina, 7ª 1).
A relação com a família é muito importante nesse
assunto, muitos pais não sabem que seus filhos já
beijaram na boca. O que impede os adolescentes de
contar? Medo, talvez. [...] (L. C. S., menina, 7ª 1).
CONCLUSÃO
Ao trabalhar o tema “O adolescente, o “ficar” e a família” foi
possível percebermos como é a relação que o adolescente de classe média
alta, com estudos e informações, estabelece entre o “ficar” e a sua família.
Devido à natureza de informações verificamos que, apesar de
pertencerem a famílias esclarecidas, os alunos demonstram-se inseguros e
com medo de abordar tal assunto com seus familiares, principalmente
com os pais.
Na verdade, no que diz respeito à participação dos pais dentro
desse contexto, percebemos, na produção textual dos alunos que tal
prática é inexistente. Os adolescentes não abordam tais assuntos com os
pais porque temem a repressão. Muitos disseram que não se sentem a
vontade para falar sobre suas intimidades com os pais, por receio, medo e
até mesmo por vergonha.
Outro fato importante foi verificarmos que tanto os meninos
quanto as meninas pensam do mesmo modo em relação ao “ficar”.
Acham que é pura curtição, que não importa a quantidade de vezes que
“ficam” com a mesma pessoa. Os critérios são os mesmos para ambos os
sexos: “ficar” é beijar na boca quando estiver com vontade; não ter que
dar satisfações; não assumir compromissos; não telefonar no dia seguinte,
entre outros.
Diante do exposto podemos dizer que os alunos, assim como os
autores estudados, têm algumas preocupações em comum.
[...] é preciso que o adulto que esteja engajado nos lugares de
transmissão possa, ele também, manter algumas significações na vida
que sejam diferentes dos modelos massificados de gozo que prometem a
adequação impossível à imagem do ideal. [...] (PEREIRA, 1997)
Na prática, a maioria dos adolescentes argumenta que “ficar” é
melhor porque não requer responsabilidades nem compromissos e inspira
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liberdade, porém, o que fica subentendido em seus escritos, na verdade, é
o desejo de namorar e de assumir um compromisso.
REFERÊNCIAS
ABERASTURY, A. Adolescência normal: um enfoque psicanalítico. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1982.
CORSO, M.; CORSO, D. Game Over. In: ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA DE
PORTO ALEGRE. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1997.
FERREIRA, A.B.H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1986.
JABOR, A. Ser ou não ser de ninguém? Disponível em
http://rascunhos.llt.com.br/2005/01/crnica-de-arnaldo-jabor.html. Acessado em
17/02/2007
MELMAN, C. Os Adolescentes estão sempre confrontados ao Minotauro. In:
ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre: Artes e
Ofícios, 1997.
OSÓRIO, L.C. Adolescente hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
PEREIRA, L.S. Essa metamorfose ambulante. In: ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA
DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1997.
RASSIAL, J.J. A adolescência como conceito da teoria psicanalítica. In:
ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre: Artes e
Ofícios, 1997.
Enviado em: junho de 2007.
Revisado e Aceito: julho de 2007.
www.dridrica.com.br

sábado, 27 de março de 2010

EDUCAÇÃO E DESCOMPROMISSO
Adriane Gisbert Maranho

Diariamente temos exemplos de adolescentes fazendo suas vontades à revelia. Percebemos o quanto eles têm “domínio” das suas próprias vidas. Acreditam que podem tudo. Por outro lado, temos o descompromisso, e quando falamos em descompromisso, estamos falando de algo que acontece de modo bilateral: tem a proporção do adolescente e a do adulto.
O adolescente, por vezes, tem descompromisso com as suas responsabilidades, o estudo, por exemplo. O adulto, por sua vez, tem o descompromisso com o estar presente na vida dos seus filhos. E, dessa forma, os jovens da atualidade estão sendo criados como frutos de uma geração que quer compensar a falta de bom senso com o dar excessivamente, o ensinar a ter, a satisfazer os desejos imediatos.
Diante desse quadro, percebemos que alguns adolescentes não sentem prazer pelas coisas boas, como a leitura, com o poder da imaginação, com o criar etc., e não podemos dizer que a culpa é deles, pois, relembrando o que dissemos anteriormente, estão sendo ensinados assim.
Então, diante da atual situação dos nossos jovens, o que nós, profissionais da educação, devemos fazer? Será que devemos criticar apenas? Será que o nosso discurso é o suficiente para tocá-los, despertá-los para aquilo que consideramos saudável? Será que o profissional da educação pode mesmo “brigar” para mostrar ao aluno qual é o melhor caminho? Vale a pena conscientizá-los? E como faríamos isso?
Essas e outras perguntas ficam certamente latejando na cabeça de muita gente. O certo é que algo deve ser feito, com urgência, para melhorar a qualidade pessoal dos nossos jovens. Lembrando que está visivelmente em jogo a palavra descompromisso e que esta se remete tanto aos adolescentes quanto aos seus pais ou responsáveis. Cabe a nós educadores escolhermos o caminho certo a seguir.
Você leitor deve estar se perguntando: “afinal, qual é o melhor caminho?”
Pois bem, talvez devamos começar tendo o cuidado de pensar que estamos nos referindo a seres humanos, pessoas que erram e acertam; que choram e riem; que fracassam e prosperam, enfim, estamos falando de pessoas que precisam ser formadas, tocadas de alguma forma, possivelmente precisam de algo parecido com o AFETO, que, segundo Gabriel Chalita, consiste na “cumplicidade entre querer ensinar e se permitir aprender.” Para este autor, a troca continuada de experiências, de sonhos, de ideais e, por que não dizer, de amor é o que nos envolve, e conseqüentemente, nos move.



Adriane Gisbert Maranho. Graduada em Letras, UEM – PR; Pós-graduada em Dificuldades de Aprendizagem e Práticas Pedagógicas, UEM - PR; Graduada em Psicologia, UNINGÀ – PR; Psicóloga Clínica CRP 08/15253.

Planejamento de Avaliação Psicopedagógica

A avaliação é composta por dez sessões de avaliação com as seguintes atividades:
• Anamnese;
• Entrevista com os professores;
• Conversa com a criança e explicação de como ocorrerá o trabalho;
• Aplicação das Provas Piagetianas;
• Faz de conta;
• TDE – Teste de Desempenho Escolar
• Jogos de raciocínio, psicomotores, criatividade e linguagem;
• A hora da história e avaliação do desempenho verbal (fluência: oral/verbal);
• Avaliação Psicomotora (equilíbrio estático, dinâmico, coordenação com as mãos; orientação espacial; estruturação espaço tempo; lateralidade);
• Contato com os profissionais que atuam no caso;
• Devolutiva para os pais;
• Devolutiva para a escola;
• Proposta de Intervenção e/ou encaminhamento.

As atividades com a criança/pré-adolescente não serão aplicadas necessariamente na ordem descrita acima.



Adriane Gisbert Maranho
CRP 08/15253

sexta-feira, 26 de março de 2010

Um blog para dividir...

O dia amanheceu repleto de dúvidas. Isso mesmo: dúvidas!
O que será que vai acontecer hoje?
O dia vai transcorrer naturalmente ou teremos surpresas? As surpresas serão boas ou teremos aborrecimentos?
E assim suscedeu parte do dia: uma incógnita.
O que aconteceu ao cair a noite?...
Pois é, são perguntas, dúvidas ansiosas de algo que está por vir. Assim é o ser humano: cheio de expectativas e com a ansiosa mania de ansiar...

Aí você pergunta: o que ela está querendo dizer com tantas palavras que não dizem nada?
É isso mesmo: que você é mais um leitor ansioso, ansioso pra saber o que vai encontrar de interessante neste blog.
Daí eu te respondo: tenha paciência porque eu tenho muito a dizer, porém, no momento ainda estou selecionando o que será o melhor pra você em informação e reflexão.
Bem-vindo ao blog da
Adriane.Beijos