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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Refletindo acerda da Psicologia e o SUS


Adriane Maranho
            Os textos para esta análise tratam de conteúdos relacionados ao SUS (Sistema Único de Saúde), abordam questões  que refletem o contexto histórico da atenção à saúde no Brasil; da re-orientação da assistência: a era da promoção da saúde; e também versam sobre a ressignificação exigida para pensar a saúde na perspectiva coletiva: contrastando Saúde Pública e Saúde Coletiva e, por fim, enfatiza os desafios da prática psicológica no SUS. São aspectos que colocam em discussão o trabalho do Psicólogo, bem como a atuação da área Psi.
            Pois bem, ao pensarmos no contexto histórico da atenção à saúde no Brasil podemos dizer que este perpassa o caminho político, uma vez que surge a necessidade de modificar o sistema, ou seja, a história revela que o modelo curativo não funiona de modo adequado, então é fundamental que haja  uma reorganização e que esta esteja voltada à individualização. O momento passa a ser o de prevenção.
            Onde entra a política nessa história? Ela surge como resposta aos debates e fomentações a respeito do assunto. O resultado é que na Constituição de 1988 ficou estabelecido que os princípios básicos do SUS seriam os seguintes: universalidade, gratuidade, integralidade e organização descentralizada. E todos deveriam seguir, uma vez que priorizava a melhora no atendimento à saúde.
            Outro aspecto interessante é o da determinação social da doença, ou seja, ao longo do tempo percebeu-se que o importante era levar em consideração não somente a doença individual do sujeito e sim observar comportamento do indivíduo, a cultura em que o mesmo está inserido, assim seria possível compreender o adoecimento.
            E o Psicólogo, como ele atua em benefício das tais doenças individuais e sociais? Afinal, tem espaço para ele?
            Pois bem, entre as atuações da Saúde pública e da Saúde Coletiva surge então o psicólogo. Verificou-se a necessidade de não mais ver o individuo apenas sob o aspecto Biológico e sim sob o aspecto das Ciências Humanas, o que significa dizer que abre-se o campo para a multidisciplinaridade, ou seja, agora os profissionais discutem os casos, cada um na sua especialidade, porém respeitando a área de atuação de todos, inclusive a área da Psicologia, especialmente a Psicologia Social.
            Por fim, o texto coloca os desafios da prática psicológica no SUS. Sim, um desafio, uma vez que o sistema desvia (ou pelo menos tenta) a atuação desse profissional restringindo-o ao atendimento ambulatorial. O fundamental aqui é que o profissional tenha uma noção exata não só do indivíduo, mas também da sua real contribuição para a melhora do paciente. É importante também que as áreas psi saibam delimitar bem seus campos de atuação. Nesse momento o Psicólogo deve estar certo do seu papel na atuação do SUS, desse modo poderá contribuir,por exemplo, para uma diminuição da medicalização no campo da Psiquiatria, uma vez que a psicologia pode contribuir na recuperação do indivíduo.
            Voltando à questão política, não podemos deixar de mencionar o fato de ser através dela que se organiza órgãos públicos. No caso do SUS, é politicamente que se trabalha os princípios básicos, ou seja, a regionalização, a integralidade e a participação popular, tudo isso é decidido politicamente para que se possa garantir a ordem e o cumprimento das regras estabelecidas.
            Isso posto, podemos afirmar que, apesar dos esforços políticos, sociais e sanitários ao longo do tempo,   o SUS continua frágil. Nem todos os “doentes” recebem atendimento adequado; nem todos os funcionários do SUS dão e/ou recebem atendimentos adequados. Há uma tentativa legal de moralização do Sistema Único de Saúde, porém, verificamos que na prática as coisas não ocorrem de fato. Falta motivação (intrínseca e extrínseca) por parte de quem trabalha e há uma descrença, um conformismo de quem precisa ser atendido. A fragilidade do SUS se revela também no aumento de Planos de Saúde particulares, em que as pessoas melhores favorecidas pagam para garantir um atendimento de qualidade e não ter que enfrentar fila de espera para realizarem cirurgias de grande porte ou até mesmo para serem atendidos em casos corriqueiros.
            O sentimento que fica é o de impotência, tanto do ponto de vista de quem necessita de atendimento quanto do profissional que fica limitado em atender a demanda, principalmente no que diz respeito à profissão Psicólogo, pois bem sabemos que na rede pública o atendimento é escasso e na rede privada ainda nem exitem convênios para tal atendimento. O que fica é a sensação de que a luta pelo espaço/atuação na área de Psicologia vai longe.

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