Adriane Maranho
Segundo Maria Cristina Kupfer (1989), Freud mostrou, através de seus estudos que a divisão da consciência era fruto do conflito de forças psíquicas encontradas no interior do psiquismo, o resultado de uma luta entre o EU e impulsos da natureza inconsciente. Foi estudando os sintomas que Freud pôde entender melhor o que era esse inconsciente que se manifestava através desses sintomas. E, aos poucos, foi encontrando em outras formações psíquicas não-neuróticas a manifestação do inconsciente. Freud descobriu então que essas outras manifestações, ao lado dos sintomas, são os sonhos e os atos falhos.
Kupfer (1989) afirma que foi através dos lapsos, dos sonhos e dos sintomas que Freud deduziu a existência do inconsciente.
Quando estudava e analisava o ser humano, Freud, de acordo com Fadiman (1986), defendeu a idéia de que há conexões entre todos os eventos mentais. Para o psicanalista, quando um pensamento ou sentimento parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o precedem, as conexões estão no inconsciente.
Para a psicanálise, no inconsciente estão elementos instintivos, que nunca foram conscientes e que não são acessíveis à consciência.
“A maior parte da consciência é inconsciente.” (p.7), e, segundo Fadiman (1986), ali estão os princípios determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica, e pulsões ou instintos.
O pré-consciente, de acordo com Fadiman (1986), é uma parte do inconsciente, mas uma parte que pode tornar-se consciente com facilidade.
Diz respeito às lembranças de tudo o que você fez ontem, seu segundo nome, todas as ruas que você morou etc.
“O pré-consciente é como uma vasta área de posse das lembranças de que a consciência precisa para desempenhar suas funções.” (p.8)
O consciente é, nos dizeres de Fadiman (1986), uma pequena parte da mente e inclui tudo que estamos cientes num dado momento. Freud se interessava em estudar o consciente, mas, era evidente o seu interesse maior por estudar o pré-consciente e o inconsciente que, segundo ele, eram áreas menos exploradas.
Freud, a partir da sua percepção de que a psique dos seus pacientes estava desorganizada, tenta ordenar a situação de caos aparente e propõe três componentes básicos: o id, o ego e o superego.
O Id, segundo Fadiman (1986) “contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento.” (...)
De acordo com esse autor, o Id é a estrutura original, básica e mais central da personalidade. Ele fica exposto tanto às exigências do corpo como aos efeitos do ego e do superego, ou seja, é a “parte” sensível e por isso é denominado como o reservatório de energia de toda a personalidade.
Mesmo os conteúdos do Id, sendo quase todos inconscientes, são capazes de influenciar a vida mental de uma pessoa, pois agem intensamente e sem controle consciente.
Sendo o Ego a parte que está em contato com a realidade externa, podemos dizer que ele se vale da experiência, é o chamado “principio da realidade”.
Ao Ego cabe a tarefa de garantir a saúde, a segurança e a sanidade da personalidade, pois é ele que armazena experiências (na memória), evita estímulos excessivamente internos (mediante a fuga), lida com estímulos moderados (através da adaptação) e aprende a produzir modificações convenientes no mundo externo, em seu próprio beneficio (através da atividade).
...”O ego se esforça pelo prazer e busca evitar o desprazer.” (1940, livro 7, pp. 18-19 na ed. bras. In: FADIMAN, 1986, p.11).
Diante da citação acima, pode-se afirmar que o ego é criado pelo id com a finalidade de reduzir a tensão e aumentar o prazer. Ele deve controlar ou regular os impulsos do id para que o indivíduo busque soluções mais realistas.
“O id é sensível à necessidade, enquanto que o ego responde às oportunidades.” (p.11)
O grande “juiz” das atividades e pensamentos do ego é o superego. À ele são atribuídas três funções: consciência, auto-observação e formação de ideais.
O Superego age restringindo, proibindo ou julgando comportamentos ou atitudes em um nível consciente e também inconsciente.
Essa estrutura é responsável por causar no indivíduo o sentimento de culpa diante das situações dadas como proibidas.
É importante salientar que Freud, observando seus pacientes, percebeu que havia algo que ia além do nível consciente. Todas as angústias, os traumas, entre outros conteúdos, levavam o psicanalista a tentar compreender como tudo se processava e como poderia conseguir a cura para as “dores” do homem.
Durante seus estudos Freud sentiu a necessidade de fazer experimentos e, a eles, foi dando determinados nomes. Assim surgiu o inconsciente que, para ele, subentende acrescentar ainda o pré-consciente e o consciente. O terapeuta iniciou seus estudos nessa direção, queria entender o que havia por “trás” da consciência. Durante suas investigações ficou evidente a necessidade de organizar alguns aspectos, então, decidiu que seria importante estruturar a psique em três partes: o id, o ego e o superego. Estas determinam a personalidade humana
A partir daí seus estudos objetivava verificar qual a relação existente entre o inconsciente e essas estruturas da personalidade.
O que Freud descobriu e passou a ser reconhecido no mundo científico, foi que todo ser humano trás consigo o id, estrutura guiada pelo impulso do prazer; o ego, que representa a realidade externa; e o superego, responsável pelo julgamento moral. O que diferencia a presença marcante de uma estrutura ou de outra no ser humano é que, de acordo com a carga genética e com a influência que o indivíduo recebe do meio ambiente, uma se sobressai mais que a outra. Tem pessoas que vivem sobre a influência do superego e outras do ego e tem aquelas que vivem sobre os impulsos do id. Tudo isso foi descoberto a partir dos estudos realizados em torno do inconsciente.
Portanto, vale salientar que a relação que Freud estabeleceu em suas pesquisas entre o inconsciente e a estrutura da personalidade é a de que apesar de viver socialmente sob os domínios externos (ego), o homem desenvolve sentimentos, desejos (id), consciência de certo ou errado (superego), conteúdos esses extremamente subjetivos, e que ficam alojados numa parte denominada inconsciente.
FADIMAN, James. Teorias da Personalidade. São Paulo: HARBRA, 1986.
KUPFER, Maria Cristina. Freud e a Educação - o Mestre do Impossível. São Paulo: Scipione,1989.