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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Meses depois...

Depois de alguns meses, e de muitas ocorrêncas, me ponho a escrever novamente neste, que é um espaço convite à reflexão.
Caros amigos, colegas e visitantes...hoje me coloco diante desta tela pra falar do luto, sim, do luto que estou experimentando.
Sabemos que o luto é o período que separa a perda real da superação desta...é o tempo que necessitamos para sarar as feridas, ou pelo menos deixá-las menos aparentes. As feridas normamente cicatrizam, mas devemos lembrar que deixam marcas...quando não na pele, ficam nas lembranças.
Assim me encontro...em busca da cicatrização de uma ferida que ainda está aberta, e dói...porque não raras vezes me pego agarrada às lembranças...e essas são tão boas, tão lindas...que trazem consigo o sorriso, a alegria, e logo em seguida...a dor, a dor da ausência de alguém que fez a diferença em minha vida, que a saudade insiste em se fazer presente. Ah...como é bom lembrar você! Como é bom sentir saudade!
Não pensem, caros amigos, que gosto de sofrer, não é isso. Mas devo confessar que a saudade e a lembrança me devolve grandes emoções: o sorriso, a alegria, o choro, a tristeza...todas partes integrantes e importantes na elaboração desse processo que estou vivendo: o LUTO.
Quero registrar aqui, que o Junior, meu companheiro, me fez feliz e contribuiu para que eu me tornasse um ser humano mais HUMANO. Por isso, sou grata pela convivência, que apesar de curta, deixa marcas para uma vida inteira.
Agradeço todos os dias a Deus e ao destino...que nos colocou um na vida do outro porque sei que somamos, aprendemos, vivemos!
"Te amo pra sempre, te amo demais...
Até qualquer dia, até nunca mais."

sábado, 24 de julho de 2010

HOME CARE ATENDIMENTO PSICOLÓGICO INFANTIL


A vida diária repleta de atribuições, muitas vezes, priva os pais de acompanharem os filhos para atendimentos psicoterápicos em clínicas especializadas. Sendo assim, pensamos no atendimento home care como uma saída para amenizar a problemática das famílias.
O que é necessário para que o atendimento psicológico aconteça na residência? Simplesmente um espaço em que o atendimento possa acontecer de modo sigiloso, como o escritório da família ou então o próprio quarto da criança, que muitas vezes já conta com uma gama de brinquedos e objetos importantes para o tratamento.
Atender em domicílio tem algumas razões importantes, como por exemplo, o fato de a criança estar num ambiente familiar a ela, o que contribui para a não resistência ao tratamento, fato tão comum quando o assunto é psicoterapia.
É fundamental lembrar que os pais e demais familiares são atores fundamentais no cenário terapêutico e devem vez ou outra, entrar em cena e participarem ativamente do processo terapêutico.

Adriane Gisbert Maranho
CRP 08/15253
Psicóloga Clínica
Especialista em Dificuldades de Aprendizagem e Práticas Pedagógicas.
Atende no Instituto Terapêutico – Rua Joaquim Nabuco, 451 – Zona 04 – Maringá PR
(44) 3031-7752 ou (44) 9911-6105

domingo, 2 de maio de 2010

Análise do filme ANTES DE PARTIR

Adriane Maranho

Carter Chambers (Morgan Freeman) é um homem casado, que há 46 anos trabalha como mecânico. Submetido a um tratamento experimental para combater o câncer, ele se sente mal no trabalho e com isso é internado em um hospital. Logo passa a ter como companheiro de quarto Edward Cole (Jack Nicholson), um rico empresário que é dono do próprio hospital. Edward deseja ter um quarto só para si mas, como sempre pregou que em seus hospitais todo quarto precisa ter dois leitos para que seja viável financeiramente, não pode ter seu desejo atendido pois isto afetaria a imagem de seus negócios. Edward também está com câncer e, após ser operado, descobre que tem poucos meses de vida. O mesmo acontece com Carter, que decide escrever a "lista da bota", algo que seu professor de filosofia na faculdade passou como trabalho muitas décadas atrás. A lista consiste em desejos que Carter deseja realizar antes de morrer. Ao tomar conhecimento dela Edward propõe que eles a realizem, o que faz com que ambos viagem pelo mundo para aproveitar seus últimos meses de vida.
http://www.adorocinema.com.br/filmes/antes-de-partir/antes-de-partir.asp#Sinopse


O filme conta a história de Carter, um mecânico negro, e Edward, um empresário branco, que passam a se conhecer após adoecerem e serem internados no mesmo quarto de enfermaria.
O hospital era de Edward, o empresário que na época da construção do mesmo ordenou que não construíssem quartos individuais, todos deveriam ter dois leitos, em formato de enfermaria. Tudo por medida de economia. Porém, ao descobrir que estava com câncer e ter que ser internado para o tratamento, exigia um leito só para si, o que não foi possível, uma vez que todos os leitos eram duplos. Sendo assim, foi colocado no quarto junto ao mecânico que, apesar de ser um homem simples, era inteligente e bem humorado.
Durante o período que passaram hospitalizados e sofreram intervenções cirúrgicas, na ausência de Psicólogos e recebendo visitas familiares em intervalos curtos de tempo, os dois enfermos encontraram uma maneira bem humorada para driblar a dor e a angústia propiciada pelo câncer. Criaram estratégias de boa convivência. Contavam histórias, faziam brincadeiras, enfim, riam e tentavam se “divertir”, apesar das circunstâncias.
Consciente da gravidade do problema que estava vivendo, Carter lembrou-se da “lista da bota”, que nada mais é do que a lista de desejos, comentada por um professor de filosofia na faculdade. Tal lista foi descoberta por Edward, que propõe que realizem os desejos nela relacionados, a fim de aproveitar seus últimos meses de vida. Então, assim que manifestaram melhora, os dois iniciaram tal façanha viajando pelo mundo vivendo aventuras, antes só pensadas.
Em relação ao período de hospitalização, o que vimos através das imagens cinematográficas foi um modelo médico denominado BIOMÉDICO. Isso quer dizer que a figura desse profissional apresentava-se sempre com uma fala direta e objetiva. Sua postura era rígida. Dava a notícia da doença e dos procedimentos de forma dura. O mesmo ocorria com a equipe de apoio (enfermeiros entre outros) que entravam e saiam da sala sem dar muita atenção aos pacientes, apenas realizavam os procedimentos. Desse modo, é pertinente dizer que a atuação dos profissionais funciona de modo multidisciplinar, ou seja, cada profissional trabalha sob a ótica da sua função, sem manter inter-relação com os demais profissionais e pacientes e/ou familiares.
O filme mostra um hospital bem equipado para atender pacientes com doenças como o câncer, porém carente de profissionais humanistas que percebam o ser humano como um ser individual, dotado de sentimentos, emoções, ou seja, um todo, que merece ser tratado em sua plenitude e jamais ser visto como um coração que funciona mal, um cérebro canceroso, um rim paralisado etc.,
Isso posto, percebemos como a ausência do modelo BIOPSICOSSOCIAL afeta o bem-estar psíquico dos pacientes, no caso em questão, de câncer, que tiveram de enfrentar as dores, as crises, o trauma cirúrgico (pré e pós) sem a presença da família e de profissionais que oferecem algum tipo de apoio, no caso, o Psicólogo Hospitalar. Ao contrário, os pacientes ficaram acamados à mercê dos funcionários que entravam e saiam do quarto, mais para atender de modo técnico do que para atender a um “chamado” do paciente.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Inconsciente - Id, Ego e Superego



          Adriane Maranho
            Segundo Maria Cristina Kupfer (1989), Freud mostrou, através de seus estudos que a divisão da consciência era fruto do conflito de forças psíquicas encontradas no interior do psiquismo, o resultado de uma luta entre o EU e impulsos da natureza inconsciente.
            Foi estudando os sintomas que Freud pôde entender melhor o que era esse inconsciente que se manifestava através desses sintomas. E, aos poucos, foi encontrando em outras formações psíquicas não-neuróticas a manifestação do inconsciente. Freud descobriu então que essas outras manifestações, ao lado dos sintomas, são os sonhos e os atos falhos.
            Kupfer (1989) afirma que foi através dos lapsos, dos sonhos e dos sintomas que Freud deduziu a existência do inconsciente.
            Quando estudava e analisava o ser humano, Freud, de acordo com Fadiman (1986), defendeu a idéia de que há conexões entre todos os eventos mentais. Para o psicanalista, quando um pensamento ou sentimento parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o precedem, as conexões estão no inconsciente.
            Para a psicanálise, no inconsciente estão elementos instintivos, que nunca foram conscientes e que não são acessíveis à consciência.
            “A maior parte da consciência é inconsciente.” (p.7), e, segundo Fadiman (1986), ali estão os princípios determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica, e pulsões ou instintos.
            O pré-consciente, de acordo com Fadiman (1986), é uma parte do inconsciente, mas uma parte que pode tornar-se consciente com facilidade.
            Diz respeito às lembranças de tudo o que você fez ontem, seu segundo nome, todas as ruas que você morou etc.
            “O pré-consciente é como uma vasta área de posse das lembranças de que a consciência precisa para desempenhar suas funções.” (p.8)
            O consciente é, nos dizeres de Fadiman (1986), uma pequena parte da mente e inclui tudo que estamos cientes num dado momento. Freud se interessava em estudar o consciente, mas, era evidente o seu interesse maior por estudar o pré-consciente e o inconsciente que, segundo ele, eram áreas menos exploradas.
            Freud, a partir da sua percepção de que a psique dos seus pacientes estava desorganizada, tenta ordenar a situação de caos aparente e propõe três componentes básicos: o id, o ego e o superego.
            O Id, segundo Fadiman (1986) “contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento.” (...)
            De acordo com esse autor, o Id é a estrutura original, básica e mais central da personalidade. Ele fica exposto tanto às exigências do corpo como aos efeitos do ego e do superego, ou seja, é a “parte” sensível e por isso é denominado como o reservatório de energia de toda a personalidade.
            Mesmo os conteúdos do Id, sendo quase todos inconscientes, são capazes de influenciar a vida mental de uma pessoa, pois agem intensamente e sem controle consciente.
            Sendo o Ego a parte que está em contato com a realidade externa, podemos dizer que ele se vale da experiência, é o chamado “principio da realidade”.
            Ao Ego cabe a tarefa de garantir a saúde, a segurança e a sanidade da personalidade, pois é ele que armazena experiências (na memória), evita estímulos excessivamente internos (mediante a fuga), lida com estímulos moderados (através da adaptação) e aprende a produzir modificações convenientes no mundo externo, em seu próprio beneficio (através da atividade).
            ...”O ego se esforça pelo prazer e busca evitar o desprazer.” (1940, livro 7, pp. 18-19 na ed. bras. In: FADIMAN, 1986, p.11).
            Diante da citação acima, pode-se afirmar que o ego é criado pelo id com a finalidade de reduzir a tensão e aumentar o prazer. Ele deve controlar ou regular os impulsos do id para que o indivíduo busque soluções mais realistas.
            “O id é sensível à necessidade, enquanto que o ego responde às oportunidades.” (p.11)
O grande “juiz” das atividades e pensamentos do ego é o superego. À ele são atribuídas três funções: consciência, auto-observação e formação de ideais.
O Superego age restringindo, proibindo ou julgando comportamentos ou atitudes em um nível consciente e também inconsciente.
Essa estrutura é responsável por causar no indivíduo o sentimento de culpa diante das situações dadas como proibidas.
 A partir da leitura realizada acerca do assunto: inconsciente, id, ego e superego podemos afirmar que ambos são fundamentais para o entendimento do princípio da psicanálise, pois determinam o funcionamento da psique.
 É importante salientar que Freud, observando seus pacientes, percebeu que havia algo que ia além do nível consciente. Todas as angústias, os traumas, entre outros conteúdos, levavam o psicanalista a tentar compreender como tudo se processava e como poderia conseguir a cura para as “dores” do homem.
Durante seus estudos Freud sentiu a necessidade de fazer experimentos e, a eles, foi dando determinados nomes. Assim surgiu o inconsciente que, para ele, subentende acrescentar ainda o pré-consciente e o consciente. O terapeuta iniciou seus estudos nessa direção, queria entender o que havia por “trás” da consciência.  Durante suas investigações ficou evidente a necessidade de organizar alguns aspectos, então, decidiu que seria importante estruturar a psique em três partes: o id, o ego e o superego. Estas determinam a personalidade humana
A partir daí seus estudos objetivava verificar qual a relação existente entre o inconsciente e essas estruturas da personalidade.
O que Freud descobriu e passou a ser reconhecido no mundo científico,  foi que todo ser humano trás consigo o id, estrutura guiada pelo impulso do prazer; o ego, que representa a realidade externa; e o superego, responsável pelo julgamento moral. O que diferencia  a presença marcante de uma estrutura ou de outra no ser humano é que, de acordo com a carga genética e com a influência que o indivíduo recebe do meio ambiente, uma se sobressai mais que a outra. Tem pessoas que vivem sobre a influência do superego e outras do ego e tem aquelas que vivem sobre os impulsos do id. Tudo isso foi descoberto a partir dos estudos realizados em torno do inconsciente.
Portanto, vale salientar que a relação que Freud estabeleceu em suas pesquisas entre o inconsciente e a estrutura da personalidade é a de que apesar de viver socialmente sob os domínios externos (ego), o homem desenvolve sentimentos, desejos (id), consciência de certo ou errado (superego), conteúdos esses extremamente subjetivos, e que ficam alojados numa parte denominada inconsciente.

Bibliografia:

FADIMAN, James. Teorias da Personalidade. São Paulo: HARBRA, 1986.

KUPFER, Maria Cristina. Freud e a Educação - o Mestre do Impossível.  São Paulo: Scipione,1989.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Análise do filme “A Invenção da Psicanálise – O Homem Rato”

Adriane Maranho

Este trabalho consta da análise do filme “A Invenção da Psicanálise – O Homem Rato”, de Sigmund Freud, e tem por objetivo levar à reflexão de como foi que esse médico neurologista descobriu a psicanálise como uma ciência capaz de curar as neuroses instaladas no homem.
O filme mostra ainda as técnicas de tratamento desenvolvidas pelo médico, como a livre associação e análise dos sonhos e discute os sintomas do paciente no momento em que o mesmo está nas sessões, como, por exemplo, a transferência dos seus problemas para o psicanalista; a projeção; os sentimentos reprimidos desde a infância (desejos sexuais); sentimentos de culpa, repulsa; conflito entre amor e ódio.

O filme tem um narrador que vai mostrando a história da vida de um jovem de 29 anos, caracterizado no filme “A Invenção da Psicanálise”, como O Homem Rato. É um advogado e soldado Austríaco que tem como queixa inicial, um medo terrível com o que vai acontecer ao seu pai e à sua namorada.
Em sua primeira consulta revela que pensou em cortar a garganta com uma navalha. Diz que esse sentimento o acompanhava desde os 9 anos.
Trata-se de um caso de Neurose Obsessiva.
O espaço onde os fatos ocorrem é Viena, capital do Império Áustro-Húngaro – 1906, lugar de mulheres bonitas, aristocratas, soldados – cidade de Straus.
Freud é um jovem médico dedicado a estudar o funcionamento do subconsciente do ser humano, pois acredita que todos os problemas estão instalados lá. Seus pacientes pertencem à classe média de Viena.
Dando início ao tratamento do paciente em questão, O Homem Rato, Freud usa a técnica da livre associação. O paciente deita-se no divã e o psicanalista acomoda-se atrás do mesmo para que o paciente sinta-se mais a vontade para falar, uma vez que não mantém contato direto com o olhar do médico.
O paciente diz que sente desejo sexual normal atualmente (aos 29 anos) e que procurou o médico por ter ouvido falar dele. Diz que reduziu sua vida a algo sem sentido e procurou o médico para tentar solucionar o problema.
O paciente estava à beira de um colapso mental.
Freud teria que tentar solucionar o problema. Anotou tudo o que o paciente falou.
Num congresso, o médico falou sobre O Homem Rato.
Numa outra sessão, o paciente falou sobre seu pai e sobre a governanta da casa. Ele disse que a moça usava pouca roupa e que permitiu que ele a tocasse. Sentiu desejo por ela (aos 6 anos). Falou de uma governanta jovem e bonita que costumava tirar a roupa e o deixava ficar admirando. Tinha curiosidade e ereção aos 6 anos. Acreditava que devia evitar tais sentimentos. Disse que ainda que, quando era jovem, não conseguia pensar na morte do pai e ficava nervoso. Agora, aos 29 anos ainda tinha temores que acontecesse algo ao seu pai, embora ele já estivesse morto há muitos anos. Ainda sentia muito medo.
No Congresso, Freud defendeu a idéia de que o paciente desenvolveu um instinto neurótico referente aos impulsos sexuais da infância (6 anos), desejo pela governanta e a morte de seu pai.
Em outra sessão disse que estava nas manobras (deve ser na Guerra ou algo parecido) e perdeu seus óculos e depois discutiu com o tenente. Sentia medo dele porque ele era cruel, ruim, maltratava os prisioneiros colocando-os deitados de bruços com os braços e pernas abertos e amarrados e em cima das nádegas do prisioneiro, colocavam um balde de boca para baixo com ratos dentro para forçar a saída dos ratos pelo ânus. O paciente associou o caso com o que estava acontecendo com uma senhorita. Sentiu desejo, mas reprimiu. Associou outra vez o castigo ao pai.
Chegaram os óculos novos. Deveria pagá-los para livrar seu pai dos ratos. Armou um plano, mas foi covarde e não cumpriu a promessa para não parecer idiota. Ficou indeciso. Foi para Viena, colocou o dinheiro numa carta e entregou para a moça dos correios.
Numa nova sessão, o paciente disse que o pai tinha enfizema. Sabia que o pai morreria no outro dia da visita do médico. Não aceitou nem entendeu a morte do pai. Sentiu-se criminoso. Não estava presente. Freud explica a ele que fez a ligação errada, que o verdadeiro motivo está alojado no inconsciente e que eles têm que torná-lo consciente para fazer a ligação certa. Acha impossível justificar o sentimento de culpa em relação à morte do pai.
O paciente volta a falar sobre o pai. Era amigo, soldado, excelente pessoa. Fala também que, quando tinha 12 anos, apaixonou-se por uma menina mas ela não gostava dele e ele achou que ela só iria namorá-lo se seu pai morresse porque aí sentiria pena dele (passou rapidamente pela cabeça dele). Seis meses antes do pai morrer pensou na morte do pai. Não quis pensar nele. O paciente se recusa a lembrar, diz que não consegue lembrar. Depois disse que se o pai morresse teria dinheiro para se casar. Seria uma possibilidade. Teve o mesmo pensamento na véspera da morte do pai. Não queria, mas pensou. Desejou e sentiu-se ansioso. “Eu a amo, mas nunca a desejo como a governanta quando era menino”, referindo-se a moça pela qual se diz apaixonado.
Freud diz que seus desejos foram inibidos pelas experiências da infância e o seu pai era o empecilho entre ele e o objeto sexual, e que odiava seu pai desde que era criança. O médico disse ainda “o senhor reprimiu seu ódio”.
O paciente revela outro dado, disse que tentou matar seu irmão quando era menino. Segundo Freud, isso era o conflito entre a memória e o orgulho.

Em 18 de março de 1908, Freud analisa o caso do paciente e o sentimento de hostilidade em relação ao pai, ao irmão e a namorada.
Começando uma outra sessão, o paciente diz que estava passeando de barco com a namorada. Começou a chover e ele queria que ela colocasse seu chapéu. A moça não quis. Ela não aceitou sua imposição e ele a agrediu. Depois continuou remando e dizendo que nada devia acontecer a ela, nunca. Disse que em outra situação, estava esperando por ela, não a via há dias. Imaginou que a pedra no meio do caminho podia causar um acidente. Tirou a pedra do caminho e depois achou ridículo e colocou a pedra de volta no caminho. Teve medo de que algo ruim pudesse acontecer a Gisela. Na verdade tinha medo que ela não o amasse. (E era verdade, ela não o amava). Ele pensava “Eu te odeio Gisela”.
Freud, no Congresso, falou do antagonismo, tirou a pedra do caminho, mas a recolocou (salvar X expor a moça ao perigo). Quando reza pede proteção à Gisela e ao pai e, ao mesmo tempo, pede a não proteção (tenta afastar o mau pensamento em relação a Gisela). Freud escreve no quadro GISELA AMEM, que, falado repetidas vezes e rapidamente, sugere o som “semem”. A explicação que Freud dá é que enquanto rezava rapidamente, o paciente se masturbava.
Numa próxima sessão o paciente “briga” com Freud e este explica que está tentando transferir para ele as suas emoções. O rapaz começa dizer que depois da morte do pai, a mãe insinuou que se casasse com a prima. Ficou doente e a idéia desapareceu. Em seguida, disse que queria falar sobre uma jovem que havia visto na porta da casa do Freud e que o havia deixado muito excitado. Gritou com Freud e perguntou ao psicanalista se ele queria que fosse seu genro.
Freud disse que ele estava transferindo para ele a aversão à possibilidade de casamento. Essa não é a prima rica que a sua mãe queria que se casasse? Freud atribuía muita importância aos sonhos como meio de revelar o inconsciente. As ações dos nossos sonhos interpretados corretamente dão noção do que está no inconsciente.
O paciente briga com Freud e diz que ele o enoja. Freud diz que é porque ele o associou ao pai que queria que ele se casasse com a prima rica.
Freud vai explicando toda a transferência do paciente (o trabalho, os estudos etc).
Ao paciente, foi explicando que há dois lados de relacionamento inconsciente entre o amor e o ódio expresso em um ato obsessivo isolado.
OBS.: Aparece uma cena em que o paciente despiu-se e masturbou-se em frente ao espelho, no escritório.
Num outro depoimento comentou que o pai bateu nele porque havia mordido alguém (relação com o sexo). Xinga Freud e pergunta porque não o põe na rua. Lembra da surra que o pai lhe deu. Bateu muito forte e disse que ele seria um grande homem ou um criminoso. Confessou que tem receio do pai mesmo depois de muito tempo de sua morte.
Freud no Congresso: 10 meses de luta contra (ponto de retorno) a relação de amor e ódio com o pai. Freud pôde refazer a história dos ratos (dinheiro/sujeira; ratos também).
“Quando menino, vi ratos serem mortos com pauladas”
Freud disse que o rato era o paciente quando criança apanhando do pai porque havia mordido alguém.
Na sessão, Freud faz a seguinte análise ao paciente: você devia dinheiro à moça dos correios. Não foi pessoalmente pagá-la porque estava interessado nela, gostava dela, pensou em dormir com ela. Mas aí seria infiel à moça a quem dizia amar (Gisela) e brigava com ela, e estava agradando ao seu pai porque ele queria que se casasse com a prima rica. Inconscientemente, o Sr. reprimiu o fato de que devia dinheiro à moça dos correios e conflitos que eram muito penosos para serem lembrados. Não sabia se continuava a obedecer a seu pai ou se continuava fiel à mulher que tanto amava.
No Congresso, Freud explicou que, no momento em que chegaram à solução, o problema dos ratos desapareceu. Comparou o caso neurótico obsessivo a uma árvore que espalha seus galhos em toda direção, mas seja qual for a folha que a pessoa tomar, ela sempre seguirá o caminho da raiz causadora do mal. O conflito entre o amor e o ódio que nasceu da crença inconsciente do paciente, de que seu pai ficou entre ele e os seus desejos sexuais acabou quando o ódio por seu pai foi revelado. O conflito entre o amor e o ódio ficou resolvido e a importância da sua personalidade normal foi restabelecida.

O tratamento do “Homem Rato” levou 11 meses. A cura foi completa. Não houve recaída.
O próprio Freud e seus colegas reconheceram como um avanço. Provou a existência da sexualidade infantil. Mostrou a ocorrência de experiência precoce da infância e a influência no futuro dessas experiências ocultas em nosso subconsciente.
As idéias psicanalistas de Freud, amplamente apoiadas pelas provas do caso do Homem Rato, ainda que causassem controvérsias, mas para o bem ou para o mal, foram profundamente influenciadas.
Freud é um dos poucos homens do qual podemos autenticamente dizer “ele
revolucionou nossos pensamentos e o nosso modo de viver.”

Ao assistir ao filme “A Invenção da Psicanálise – O Homem Rato”, certamente ampliamos os nossos conhecimentos a respeito da psicanálise como ciência e técnica de tratamento dos problemas humanos, principalmente os que têm suas origens na fase da infância.
Ficou evidente a importância do médico neurologista, e por que não dizer, cientista Freud, para a humanidade, afinal, ele mostrou-se determinado em seus estudos e foi enfático e coerente ao tornar público suas descobertas acerca da psique humana.
Outro dado importante foi poder visualizar como aconteciam as sessões entre o paciente e o psicanalista, podendo perceber a técnica utilizada e o trato dado por ele ao paciente em crise.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

SOBRE O INÍCIO DO TRATAMENTO (NOVAS RECOMENDAÇÕES SOBRE A TÉCNICA DA PSICANÁLISE) 1913


Adriane Maranho

            Ao ler o texto em questão nos deparamos com a técnica utilizada pela psicanálise para a realização da Associação Livre, que tem como objetivo propiciar ao paciente a possibilidade de expressar seus sentimentos, falar simplesmente sobre o cotidiano, enfim, sobre as coisas que lhe forem importantes e/ou surgirem espontaneamente.
            O texto mostra aspectos como a seleção de pacientes, bem como a importância de deixá-lo falar praticamente o tempo todo sem explicar além do necessário para que prossiga no que está dizendo.
            O início do tratamento pode ser marcado também por dificuldades, como o fato de o analista e seu novo paciente, ou suas famílias serem amigos ou apresentarem algum outro laço pessoal. O ideal seria não realizar o atendimento pois corre-se o risco de abalar a relação entre os envolvidos, uma vez que o analista necessita manter uma postura ética e não perder de vista o seu profissionalismo.
            Outro ponto importante, que marca o início do tratamento, é a relação tempo e dinheiro. O analista necessita deixar claro que a cada paciente será atribuido um tempo do seu dia, mesmo que o paciente não o utilize. O tempo de tratamento varia de paciente para paciente. Alguns podem precisar de um tempo mais longo de tratamento, que outros.
            O dinheiro é também um ponto importante, pois trata dos honorários do médico. Freud argumenta que pessoas civilizadas podem tratar de dinheiro da mesma maneira que tratam questões sexuais: com incoerência, pudor e hipocrisia. Segundo o médico, um tratamento gratuito significa o sacrifício de uma parte considerável — um sétimo ou um oitavo, talvez — do tempo de trabalho que dispõe para ganhar a vida, durante um período de muitos meses. Ele enfatiza que “nada na vida é tão caro quanto a doença e a estupidez.” Diante do exposto,  é pertinente enfatizar a importância de se pagar por um tratamento.
            Em relação à técnica da associação livre, Freud salienta que não importa o material com que se iniciará o tratamento, o fundamental é que o sujeito fale, de preferência deitado num divã, fora do alcance dos olhos do analista. Por outro lado, ao analista, cabe solicitar que o paciente fale sem se preocupar se as coisas fazem sentido. Aquilo que é importante vai se repetir na fala do paciente, e o analista deverá estar atento.
            Quanto às possiveis resistências, o analista deve sempre estar atento. Muitas vezes o paciente diz que não tem nada de errado ou não sabe o que dizer porque está resistente ao trabalho, talvez por vergonha ou medo.
            Freud salienta que o momento ideal para o analista estabelecer uma comunicação com o paciente é após  uma transferência eficaz ter-se estabelecido. “Permanece sendo o primeiro objetivo do tratamento ligar o paciente a ele e a pessoa do médico.”
            Caso a transferência não ocorra, a possibilidade de o tratamento ser lento e ineficaz aumenta. Outro detalhe importante: quanto mais a verdade se aproxima, mais o risco de resistência aumenta, caso não se tenha estabelecido um rapport.

O paciente, contudo, só faz uso da instrução na medida em que é induzido a fazê-lo pela transferência; é por esta razão que nossa primeira comunicação deve ser retida até que uma forte transferência se tenha estabelecida. (FREUD, 1913, vol. XII , p. 88)


FREUD, 1913, vol. XII

terça-feira, 6 de abril de 2010

Análise do filme MENTES PERIGOSAS, de acordo com o texto O QUE É PSICOLOGIA SOCIAL



 Adriane Maranho
Filme “Mentes Perigosas”
Texto “O que é Psicologia Social”, Silvia Lane

            De acordo com Silvia Lane, a identidade social “é o que nos caracteriza como pessoa” (p.16). No caso do filme “Mentes Perigosas”, vimos um grupo de adolescentes de classe social baixa, identificados, num primeiro momento, de forma genérica. Todos os alunos daquela determinada sala de aula, em destaque no filme, eram considerados rebeldes, mal educados etc. Nenhum professor conseguia trabalhar com a turma, os alunos formaram um verdadeiro clã e não permitiam que nenhuma aula fosse dada. Os professores desistiam, com isso, o grupo de adolescentes se fortalecia.

                           Este aspecto de representação de si mesmo parece ser uma característica de adolescente do qual não é exigida uma definição precoce e cujo ambiente social deve enfatizar a autodeterminação do jovem sem impor modelos “bons” a serem seguidos. (p.19)

            No caso dos adolescentes do filme, o modelo que tinham para seguir não era dos melhores até que se deparam com uma professora que, apesar da inexperiência no magistério, tinha características marcantes e importantes para a formação do adolescente: persistência, criatividade, coragem, afeto, respeito.
            A partir do contato com essa professora, os adolescentes que viviam em completo estado de alienação, sempre agindo em grupo e contrariando toda e qualquer regra, tiveram a oportunidade de trocar experiências, de deixar aflorar a criatividade, de dar opiniões, sugestões, de mostrar suas diferenças etc. Enfim, puderam ter consciência de si mesmos e com isso provocar mudanças em suas identidades.

 (...) a consciência de si poderá alterar a identidade social, na medida em que, dentro dos grupos que nos definem, questionamos os papéis quanto à sua determinação e função históricas e, na medida em que os membros do grupo se identifiquem entre si quanto a essa determinação e constatem as relações de dominação que reproduzem uns sobre os outros, é que poderá se tornar agente de mudanças sociais. (p.24)

            Ao final do filme, verificamos que houve mudança no comportamento individual e social daquele grupo. Os adolescentes começaram a valorizar o outro, respeitando seus limites e diferenças. Perceberam a importância do afeto. Permitiram-se viver emoções novas. Entenderam como deve ser a vida socialmente, como a opinião e o sentimento do outro pode influenciar na formação de cada um e conseqüentemente influenciar o todo. "A consciência individual do homem só pode existir nas condições em que existe a consciência social" (A. Leontiev, O Desenvolvimento do Psiquismo, p. 88 in: Silvia Lane, p.24).